Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2024 |
Autor(a) principal: |
Correia, Carolina Argondizo |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5146/tde-10052024-145849/
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Resumo: |
A febre amarela é uma doença viral aguda, que acomete seres humanos e é caracterizada por sua gravidade e elevada taxa de mortalidade. Ela possui evolução rápida e até o momento não possui tratamentos específicos aprovados, porém é prevenível com vacinação. A vacina é composta pelo vírus da febre amarela (YFV, do inglês yellow fever virus) vivo atenuado, disponível na formulação YFV 17DD no Brasil, e uma dose é capaz de induzir anticorpos neutralizantes, detectáveis a partir de 10 dias após a vacinação até muito anos subsequentes à sua administração. Entre os anos de 2016 e 2019, o YFV passou a circular em regiões brasileiras que não eram consideradas endêmicas e, por consequência, onde a vacina não era recomendada. Nessa época, os governos locais organizaram campanhas para imunizar a população, ainda que a circulação do vírus selvagem já estivesse vigente. Isso fez com que alguns indivíduos fossem expostos aos vírus selvagem e atenuado vacinal ao mesmo tempo, sendo que em alguns casos houve desenvolvimento da doença clínica pelo vírus selvagem mesmo com o relato de vacinação recente, fato que até o momento não havia sido descrito na literatura. Como a vacinação produz potente resposta de anticorpos neutralizantes e previne infecção pelo YFV, mas ao mesmo tempo é composta por uma cepa atenuada com diferenças genéticas em relação à cepa selvagem, esse trabalho teve por objetivo avaliar o impacto da imunização recente nos indivíduos que desenvolveram quadro clínico de febre amarela, em relação à sua resposta humoral, à diversidade viral plasmática e à evolução e desfecho da doença. Para tanto, foram realizados ensaios quantitativos para a avaliação de anticorpos totais e neutralizantes contra as cepas selvagem e vacinal do YFV, bem como análise da viremia, sequenciamento viral e análise de prontuários médicos. Os indivíduos que foram vacinados e infectados simultaneamente não apresentaram diferença na quantificação de anticorpos totais em relação ao grupo infectado sem vacina, no entanto eles apresentaram maior título de anticorpos neutralizantes específicos para a cepa vacinal (p = 0,0270), sugerindo uma resposta específica para a vacina. Ainda, o grupo que recebeu a vacina teve taxa de letalidade muito menor (11%) do que os pacientes infectados sem o imunizante (46%). Pelas análises da carga viral e filogenia não foi possível identificar a cepa vacinal, não havendo traços de recombinação ou troca de material genético com a cepa selvagem. Em conjunto, nossos dados indicam que a vacinação com YFV 17DD em estágios iniciais da infecção pelo YFV selvagem direcionou a geração de anticorpos neutralizantes específicos para a cepa vacinal mesmo sob a prevalência do vírus selvagem na circulação. Esse fato foi observado em casos que apresentaram melhora do desfecho clínico da doença, sugerindo que a aplicação da vacina YFV 17DD em um contexto de recém-infecção pode funcionar como um reforço para a resposta imune humoral e ser considerada como uma estratégia de prevenção de casos graves de febre amarela |