A adesão ao tratamento no caso da tuberculose multirresistente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ferreira, Kuitéria Ribeiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7141/tde-16042015-163038/
Resumo: Introdução: A situação epidemiológica da tuberculose (TB) no âmbito mundial e no Brasil ainda evidencia importante magnitude, acrescentandose o problema crescente da Tuberculose Multirresistente (TBMR). A TB é exemplo consagrado que evidencia as desigualdades sociais e as limitações de acesso à saúde. A adesão ao tratamento da TBMR é um dos aspectos cruciais do cotidiano da assistência em saúde e uma das maiores dificuldades no controle da enfermidade. Objetivos: Analisar como se processa a adesão ao tratamento para a TBMR, em um grupo de indivíduos que completaram com sucesso o tratamento medicamentoso; e propor alternativas para incrementar a adesão. Métodos: Estudo de abordagem qualitativa, desenvolvido em Centro de Referência para Controle da TB e TBMR do Estado de São Paulo, Brasil. Foram coletados, no período de abril a setembro de 2012, depoimentos de indivíduos que vivenciaram o adoecimento por TBMR e que aderiram ao tratamento medicamentoso até a alta por cura. Os depoimentos foram analisados segundo técnica de análise de discurso e interpretados à luz da Hermenêutica-Dialética e da Teoria da Determinação Social do Processo Saúde-Doença. Resultados: Entrevistouse 21 sujeitos, sendo: 17 (80,9%) pertencentes ao sexo masculino; 19 (90,4%) encontravam-se na faixa etária produtiva; 11 (52,4%) tinham 9 ou mais anos de escolaridade; 14 (66,7%) estavam afastados do trabalho ou desempregados durante o tratamento e relataram ter recebido auxílio, como vale transporte e cesta básica; 14 (66,7%) eram acompanhados pela Estratégia Saúde da Família; 18 (85,7%) tinham tratamento anterior para TB; 20 (95,2%) realizaram o tratamento da TBMR na modalidade Diretamente Observado, executado na Unidade Básica de Saúde (19: 95,0%); 16 (76,2%) caminhavam até o local para o Tratamento Diretamente Observado; sendo que 17 (80,9%) levavam até 30 minutos para o deslocamento; 16 (76,1%) realizaram o tratamento por 18 a 20 meses; 7 (33,6%) possuíam outra doença além da TBMR; 4 (40,0%) faziam uso de cigarro e nenhum sujeito fazia uso de álcool, durante o tratamento.Verificou-se que, como produto da forma como se realiza o trabalho e a vida, há uma variedade de questões que acabam por mediar o processo de adesão ao tratamento, que são determinadas por relações de interdependência e de subordinação. Fundamentalmente, a adesão ocorreu devido ao desejo de viver face à inevitabilidade da morte; ao suporte físico, emocional/psicológico e financeiro; e à forma como o serviço de saúde oferece o cuidado e se organiza para o tratamento medicamentoso. Conclusão: A adesão ao tratamento medicamentoso da TBMR não se reduz a um ato de vontade estritamente individual, mas depende da forma como se realiza a vida em sociedade e da acessibilidade aos serviços de saúde. Ressalta-se a necessidade de entender tais processos para apoiar a prática assistencial dos profissionais de saúde envolvidos no tratamento das pessoas com TBMR, em particular a Enfermagem, com vistas a fortalecer a adesão e apoiar as estratégias para o controle da TBMR.