Perfis do ator coletivo \'manifestante de rua\': das jornadas de junho de 2013 aos protestos de março de 2015

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Costa, Marcos Rogério Martins
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-20052019-134619/
Resumo: Em junho de 2013, na cidade de São Paulo-SP, surgiram as manifestações populares inicialmente contrárias ao aumento das tarifas de transporte público. Esse acontecimento foi nomeado de Jornadas de Junho. Em março de 2015, outra mobilização popular também foi iniciada nas ruas da capital paulista, buscando novos rumos políticos para a nação brasileira. Esse outro levante popular foi intitulado Protestos de Março. Essas duas manifestações de rua são entendidas como fenômenos discursivos; e, a partir delas, não pretendemos analisar as agendas políticas, sociais ou históricas que cada um dos fenômenos selecionados colocou em xeque. O interesse deste estudo é pela construção semiótica do ator coletivo; e analisamos, para tanto, como a imprensa brasileira (re)criou e recortou os acontecimentos que envolvem o ator manifestante de rua, contemplado midiaticamente ao longo das duas mobilizações supracitadas. É objetivo geral deste estudo a formalização do conceito de ator coletivo como uma grandeza sensível e inteligível no quadro teórico da semiótica francesa. Selecionamos a figura do manifestante de rua porque ela participa ativamente na construção do sentido das mobilizações populares, tais como arquitetadas midiaticamente. O ator manifestante, apresentado em sua relação com a doxa vigente, passa a ser apreciado e apoiado, ou repudiado e depreciado massivamente. Como arcabouço teórico, adotamos uma perspectiva interdisciplinar que acolhe, de um lado, os pressupostos da semiótica discursiva e da tensiva (GREIMAS; COURTÉS, 2008; FONTANILLE; ZILBERBERG, 2001; ZILBERBERG, 2011), e de outro, os fundamentos do Círculo de Bakhtin (VOLÓCHINOV, 1976; MEDVIÉDEV, 2012; BAKHTIN, 2010a; 2016) respeitando as diferenças epistemológicas de cada quadro teórico. Selecionamos dois corpora que compõem semioticamente os eventos referidos. Constituem esses corpora: dois artigos de opinião, oito reportagens, dez editoriais e dez postagens retiradas da rede social digital Facebook. Os enunciadores desses textos são representantes da grande mídia, os jornais impressos O Estado de São Paulo (Estado) e Folha de São Paulo (Folha), e também da mídia considerada alternativa, a Mídia Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação (Mídia Ninja). O material foi coletado durante a ocorrência dessas manifestações de rua, isto é, especificamente nos meses de junho de 2013 e março de 2015. A análise semiótica demonstrou que existem dois perfis do ator coletivo manifestante de rua: o personalizado e o generalizado. Constata-se, por meio da recorrência que sustenta esses dois perfis, que o ator coletivo manifestante de rua se constitui como um esquema actorial que reflete e refrata os usos semióticos. Esta tese, atenta à interdisciplinaridade favorecida pela própria semiótica, acolhida como pilar de nosso pensamento teórico, ao trazer à luz a rede conceitual implícita aos trabalhos do Círculo de Bakhtin, problematiza o manifestante de rua como simulacro discursivo. Compreendido não somente como um efeito de sentido produzido pelos níveis da geração do sentido, em que aparece como actante do enunciado, o ator, como simulacro criado midiaticamente, emerge dos próprios textos analisados como um sujeito afetivo e, concomitantemente, sujeito afetado pela estesia e pela ética constitutivas dos acontecimentos do mundo.