Gestar na primeira onda da pandemia de COVID-19: possibilidades e limites nas ações de prevenção e cuidado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Pierotti, Camila Faria
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7144/tde-04112024-173109/
Resumo: Introdução: A OMS declarou, em 2020, o surto de uma doença respiratória causada pelo novo coronavírus como uma emergência de saúde pública. Um dos grupos de risco é o das gestantes, assim, são necessárias e importantes as medidas preventivas na assistência pré-natal, parto e puerpério. Devido às marcantes desigualdades sociais, que influenciam o acesso e a qualidade dos serviços da rede de saúde, a atuação da Atenção Primária à Saúde é importante e requerida, incluindo a abordagem familiar e social. Justifica-se, portanto, o presente estudo dado a importância da Atenção Primária à Saúde (APS), e o contexto de condições de vida de grande parte das gestantes residentes em periferias. Objetivo: Identificar as concepções de mulheres que estiveram gestantes durante a primeira onda da pandemia, a respeito das práticas de prevenção e cuidado, na região da Brasilândia, São Paulo-SP, sob o referencial teórico da vulnerabilidade Método: Estudo com abordagem qualitativa, descritiva e de corte transversal, com 33 mulheres que realizaram o pré-natal em uma AMA/UBS Integrada e que se encontravam grávidas no primeiro semestre de 2020. Resultados: A amostra foi predominantemente composta por mulheres jovens com idade entre 18 e 24 anos, entre 8 e 11 anos de estudo, parda, que viviam com parceiro em casa cedida ou alugada com renda per capita mensal menor que um salário mínimo. A quase totalidade das mulheres (32) realizou mais de seis consultas de pré-natal, com média de 9,9. Das análises das entrevistas emergiram três categorias analíticas que trouxeram os relatos sobre a vida das mulheres na pandemia, com menção às questões familiares, religiosas, de moradia e da necessidade de sobrevivência, acesso ao serviço de saúde, atendimento das necessidades em saúde, sentimentos decorrentes da experiência de gestar durante a pandemia e percepções e possibilidades de concretude das ações de prevenção e enfrentamento da COVID-19. Os dados apontam para fragilidades no cuidado e nas possibilidades de prevenção durante a gravidez, principalmente no que se refere ao uso da máscara e isolamento social, apesar de haver conhecimento sobre as formas de transmissão e de proteção. Conclusão: Avalia-se que as possibilidades de proteção também são atravessadas, predominantemente, pelas vulnerabilidades social e individual. As mulheres citam experiências negativas de parto. Medo e insegurança foram frequentemente citados, bem como a dificuldade de realizar o isolamento social em um período marcante de suas vidas, como a gestação. A vida das mulheres foi marcada por dificuldades financeiras, com perdas relevantes durante e por conta da pandemia. O acesso ao serviço de saúde durante o pré-natal parece não ter sido modificado por causa da pandemia, entretanto, as orientações dadas pelos profissionais sobre a COVID-19 não foram unanimidade. Entende-se que seja de premente relevância que os profissionais de saúde compreendam e assimilem em suas práticas os efeitos de um contexto pandêmico sobre a saúde das gestantes, principalmente daquelas expostas a um contexto de vulnerabilidades social e individual tão marcantes. Sugere-se que mais estudos sejam desenvolvidos debruçando-se sobre a compreensão das gestantes sobre os novos elementos que surgiram após a conclusão deste trabalho.