Avaliação do desenvolvimento mental e psicomotor de crianças de creche com carências nutricionais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2004
Autor(a) principal: Almeida, Patricia de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17140/tde-31032007-210530/
Resumo: O desenvolvimento infantil tem sido considerado como um processo, que envolve modificabilidade, transformação e interação com o ambiente social. A trajetória desse desenvolvimento, mesmo antes do nascimento, pode ser exposta a múltiplos e contínuos eventos adversos, os fatores de risco, que podem e, normalmente, ocorrem em conjunto, potencializando a gravidade das suas conseqüências. Entre os fatores de risco mais estudados, estão as carências nutricionais, enfoque do presente estudo, cujos objetivos foram: 1- avaliar o desenvolvimento mental e psicomotor de crianças com carências nutricionais, através das Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil; 2- verificar se existe relação entre os resultados nas escalas mental e psicomotora das Escalas Bayley, com alguns fatores potenciais de risco ao desenvolvimento infantil. A amostra foi constituída por 59 crianças de ambos os sexos, com faixa etária entre 4 e 42 meses, que freqüentavam duas creches do município de Ribeirão Preto. Foram realizadas entrevistas individuais com os pais ou responsáveis e as crianças foram submetidas às avaliações clínico-nutricional, hematológica, e do desenvolvimento infantil, utilizando-se as Escalas Bayley de Desenvolvimento Infantil - Segunda Edição. De acordo com a avaliação clínico-nutricional e hematológica as crianças foram distribuídas em dois grupos: Controle e Carente Nutricional, segundo o z-escore proposto pela Organização Mundial de Saúde e níveis sanguíneos de hemoglobina. A análise dos dados mostrou que desnutrição e anemia ferropriva são ocorrências comuns para uma grande proporção (46%) destas crianças. A análise estatística demonstrou não haver diferença significante entre os índices médios dos dois grupos, tanto na avaliação do desenvolvimento mental, quanto psicomotor. Os valores médios do Índice de Desenvolvimento Mental (IDM) e Índice de Desenvolvimento Psicomotor (IDP), de ambos os grupos, encontraram-se na classificação de desenvolvimento normal. No entanto, em ambos os grupos, metade das crianças apresentou desempenho prejudicado na avaliação mental e, cerca de um terço, também mostrou prejuízo na avaliação psicomotora. Entre os antecedentes selecionados para análise (escolaridade do pai e da mãe; número de habitantes na casa; número de filhos; ordem de nascimento da criança; idade da mãe na época da gestação; problemas durante a gestação; condições alimentares da mãe durante a gestação; duração do período de amamentação; condições alimentares da criança em sua residência; condições de saúde da criança), as crianças cujos pais tinham maior nível de escolaridade, apresentaram valores de IDM maiores. O fator escolaridade pode estar relacionado à maior estimulação ambiental, ao maior acesso à informação, gerando também melhores cuidados oferecidos às crianças. Os dados obtidos, no presente estudo, sugerem que nutrição e ambiente estão em interação, sendo que os prováveis efeitos do insulto nutricional são dependentes do contexto sócio-ambiental em que ocorrem. Além disso, demonstram que vários fatores ambientais e sócio-econômicos podem, por si só, levar a prejuízos no desenvolvimento infantil. Tais fatores, associados a alguma carência nutricional, podem se mostrar poderosos confundidores dos resultados na avaliação do desenvolvimento infantil