Encaminhamento de alunos para salas de recursos: análise sobre os argumentos apresentados por professores de classes comuns

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Silva, Maria de Fatima Neves da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-14062010-132630/
Resumo: Esta pesquisa teve como objetivo analisar os argumentos de professores de classes comuns para o encaminhamento de alunos para salas de recursos, de modo a compreender os motivos e expectativas que o embasam. Partiu-se do estudo sobre a origem das salas de recursos, por um viés histórico-legal, e do delineamento do conceito de atendimento educacional especializado tal como é compreendido no paradigma da inclusão, como referências teóricas para o trabalho. Optou-se, no desenvolvimento da pesquisa, por uma abordagem qualitativa, adotando como método o estudo de caso e elegendo como fontes de levantamento de dados entrevistas semi-dirigidas com professores de classes comuns, relatórios de encaminhamento para sala de recursos, Projeto Pedagógico Educacional da escola em que se realizou a pesquisa, registros de intervenções realizados pela pesquisadora na escola e documentos oficiais da rede municipal de São Bernardo do Campo relativos à inclusão. Por meio da análise dos dados levantados, verificou-se que os motivos que justificam o encaminhamento, tal como estão registrados nos relatórios de encaminhamento, fazem referência apenas às defasagens de aprendizagem dos alunos, principalmente nas áreas de alfabetização e matemática. Nesses relatórios, as expectativas em relação às salas de recursos referem-se à efetivação de um trabalho individualizado com os alunos, que enfoque suas dificuldades. Por meio das entrevistas pudemos verificar que outros aspectos influenciam para que o encaminhamento seja realizado: condições precárias de trabalho, formação continuada insuficiente, carência de espaços coletivos de discussão na escola, são alguns dos elementos trazidos. Observou-se ainda um cenário de desqualificação do papel do professor no processo de avaliação, caracterizado principalmente pela inexistência de participação dos professores nas decisões relativas à política de inclusão adotada na rede, pela redução de seu trabalho a mero executor de uma política educacional cujos contornos não são claros, pela interferência constante de outros profissionais no trabalho docente. Os motivos que justificam o encaminhamento e as expectativas com que são feitos relacionam-se à possibilidade de alteração da condição dos alunos com defasagens de aprendizagem, possibilidades vistas como muito limitadas no contexto da classe comum. Nesse sentido, intensifica-se a preocupação de que as salas de recursos sejam depositárias da responsabilidade pela alteração da condição de aprendizagem dos alunos, sem que ocorram transformações no trabalho das classes comuns.