Impacto dos marcadores inflamatórios no prognóstico de pacientes com carcinoma hepatocelular submetidos à ressecção hepática com intenção curativa

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Silva, João Paulo Maciel da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-06122021-143038/
Resumo: Introdução: O algoritmo terapêutico do carcinoma hepatocelular (CHC) é complexo e tem na ressecção cirúrgica um dos seus principais alicerces. Contudo, a recidiva pós-operatória ainda é alta, variando de 50 a 80% em 5 anos. Por esta razão, a busca por fatores prognósticos que possam refinar o entendimento da biologia e comportamento tumorais tem aumentado. Estudos recentes têm demonstrado a relação entre a resposta inflamatória e o prognóstico oncológico de diversas neoplasias sólidas gastrointestinais. Entretanto, o impacto prognóstico dos marcadores inflamatórios em pacientes submetidos à hepatectomia por CHC ainda é pouco conhecido. Os estudos existentes têm mostrado resultados promissores, no entanto, são, em sua maioria, oriundos de centros orientais, com características tumorais e epidemiológicas distintas das encontradas em centros ocidentais. Objetivo: O objetivo primário é avaliar o impacto prognóstico dos principais marcadores inflamatórios pré-operatórios relação neutrófilo-linfócito (RNL), relação plaqueta-linfócito (RPL) e relação monócito-linfócito (RML) no desfecho oncológico de pacientes submetidos à hepatectomia curativa por CHC. O objetivo secundário é estudar o impacto destes marcadores em subgrupos de pacientes com CHC quanto ao seu tamanho: < 5 cm, entre 5 e 10 cm e > 10 cm. Método: Foram estudados, tendo como base um banco de dados prospectivo, pacientes operados de janeiro de 2007 a dezembro de 2018. Os critérios de exclusão foram: doença extra-hepática, ressecção R1/R2 e tratamentos locorregionais prévios. Os melhores cut-offs para a RNL, RPL e RML foram calculados a partir da construção de curvas ROC (Receiver Operator Curve) e do índice de Youden, dividindo-se os pacientes em 2 grupos, acima e abaixo do cut-off calculado. As sobrevidas, global (SG) e livre de doença (SLD), foram estimadas por meio do método de Kaplan-Meier e comparadas pelo teste de log-rank. O método de Cox foi utilizado para identificar fatores independentes associados à SG e SLD. O nível de significância foi 5%. Resultado: Foram incluídos 161 pacientes. Com base na curva ROC, os melhores pontos de corte relacionados à mortalidade foram: RNL (1,715), RPL (115,05) e RML (1,750). Para recidiva, os pontos de corte foram: RNL (2,475), RPL (100,25) e RML (2,680). A RNL elevada ( > 1,715) associou-se à pior SG (p=0,018). A RNL ( > 2,475; p=0,047) e RPL ( > 100,25; p=0,028) elevadas associaram-se à pior SLD. Em pacientes com CHC < 5 cm, a RML ( > 1,715) foi associada à menor SG (p=0,047). Na análise multivariada, a hipertensão portal (HR=7,04; IC95% 2,40-20,66; p < 0,001), AST > 50 U/dL (HR=3,06; IC95% 1,10-8,47; p=0,032) e tempo em UTI > 3 dias (HR=5,04; IC95% 1,75-14,49; p=0,003) foram fatores associados à pior SG. Quanto à SLD, AST > 50 U/dL (HR=3,32; IC95% 1,60-6,91; p=0,001), invasão vascular (HR=2,36; IC95% 1,13-4,93 p=0,022) e RPL elevada (HR=3,03 IC95% 1,50-6,12; p=0,002) foram independentemente associados à maior recidiva. Conclusão: RNL elevada foi associada à menor SG e SLD. A RPL elevada foi preditora independente de pior SLD. A RML elevada foi preditora de menor SG em pacientes com CHC < 5 cm