O trabalho nos centros de atenção psicossocial: uma reflexão crítica das práticas e suas contribuições para a consolidação da reforma psiquiátrica.

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Bichaff, Regina
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7134/tde-17102006-121439/
Resumo: Este estudo elegeu como objeto de investigação as práticas de trabalho da equipe multiprofissional de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), tomando como referência o atual contexto de desenvolvimento da Reforma Psiquiátrica no Brasil. Foram traçados como objetivos a caracterização do perfil profissional dos trabalhadores, a identificação das concepções teóricas que orientam suas práticas e a análise de suas ações mediadas pelo saber-fazer, em relação às diretrizes estabelecidas pelas políticas públicas para a área de saúde mental e, em especial, para os serviços CAPS. A fundamentação teórico-metodológica utilizada foi o materialismo histórico e dialético que compreende a realidade social, os conhecimentos humanos e as práticas de trabalho como historicamente determinadas, e as contradições como necessárias aos processos de transformação e construção de novas formas de relação social. Os sujeitos da pesquisa foram profissionais com formação de 3.° grau e utilizou-se a entrevista semi-estruturada como técnica para a coleta dos dados e a hermenêutica-dialética como estratégia de apreensão da realidade Os trabalhadores apresentaram um percurso de formação profissional tradicional e a análise do material empírico permitiu visualizar que suas ações são norteadas, fundamentalmente, por concepções coerentes com o modelo hegemônico, em que há uma dicotomia entre saúde e doença mental, cujo objeto de trabalho é o indivíduo e sua doença, desvinculado do significado social atribuído à sua condição. A análise mostrou também que as relações entre o saber e o fazer apresentam coerência, em se tratando de intervenções tradicionais, resultando em práticas voltadas aos usuários do serviço e no interior da instituição. As ações que estariam dirigidas ao contexto concreto de vida desses usuários, além de pouco representativas, não encontram embasamento teórico nos saberes revelados e estariam fundamentadas no conhecimento advindo da própria prática e do senso comum. Desse modo, a representação dos trabalhadores, sobre o modelo de atenção CAPS, traduz as dificuldades encontradas à consolidação de um serviço substitutivo para as internações psiquiátricas e a um serviço articulado junto aos recursos territoriais, configurando-se, portanto, para a equipe em um problema da política de saúde mental, da qual eles não se vêem como atores. O estudo evidenciou a necessidade de revisão dos processos de trabalho da equipe, para possibilitar a construção de novos saberes, instrumentos e práticas, bem como o envolvimento dos trabalhadores enquanto atores sociais da Reforma.