A metalinguagem e as terminologias para descrição sintática na história da gramática tradicional, desde a Antiguidade Clássica até o Portugal oitocentista

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Cardoso, Rogério Augusto Monteiro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8139/tde-22082023-124620/
Resumo: Esta pesquisa insere-se na área de Historiografia Linguística e tem como objetivo precípuo analisar e interpretar a metalinguagem e as terminologias sintáticas ao longo da multissecular história da Gramática, desde as suas origens helênicas até os gramáticos portugueses oitocentistas. Como os gramáticos portugueses são herdeiros inequívocos dos mestres alexandrinos, o \'horizonte de retrospecção\' dos autores (cf. Auroux, 1992) teve de ser desenhado desde os primórdios da área, no século II a.C., quando surgiu a mais antiga gramática ocidental de que se tem notícia: a Tέχvη Γραμματική (Tékhnē Grammatikē), de Dionísio Trácio. A despeito desse elo epistemológico, a hipótese aqui aventada é a de que o modelo sintático utilizado pela Sintaxe Tradicional, baseado no binômio sujeito-predicado, não é uma herança direta da Gramática Grega, mas uma criação posterior baseada em categorias transladadas da Lógica. Por meio do modelo de camadas (SWIGGERS, 2005), foi possível apontar continuidades e descontinuidades entre as obras analisadas, que se diferenciam quanto aos seus fundamentos (camada teórica), quanto à sua metalinguagem (camada técnica), quanto aos seus dados e informações linguísticas (camada documental) e quanto ao seu contexto histórico (camada contextual-institucional). O foco da pesquisa incide, evidentemente, sobre a metalinguagem. Assim, como um dos produtos descritivo-interpretativos desse estudo, foram elaboradas, para cada um dos doze autores estudados, tabelas sinóptico-analíticas do seu léxico especializado, que permitem verificar permanências e inovações em suas múltiplas dimensões. Ao cabo, demonstra-se que as categorias de caso greco-latinas - nominativo, genitivo, dativo, acusativo, vocativo e ablativo - não só tinham a função de indicar as flexões nominais nas línguas clássicas, como também faziam as vezes do que se convencionou chamar hodiernamente de termos da oração. No fim do século XVIII, quando o pensamento gramatical português passou a operar sobre suas próprias bases, tais categorias greco-latinas foram abandonadas em prol de um modelo sintático de base lógico-relacional.