Tem romance aquele lugar: territorialidade beiradeira e resistência em conflitos socioambientais nos rios Xingu e Iriri (Pará)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Guerrero, Natalia Ribas
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-23052023-134620/
Resumo: Esta tese enfoca a luta de comunidades beiradeiras para garantir seus territórios tradicionalmente ocupados na bacia do rio Xingu, no estado do Pará, Brasil, ante restrições decorrentes da criação de unidades de conservação ambiental em tais territórios. Mais especificamente, trata-se de áreas sobrepostas pelo Parque Nacional da Serra do Pardo, no médio curso do rio Xingu, e pela Estação Ecológica da Terra do Meio, no rio Iriri, ambas criadas no ano de 2005. A partir de uma caracterização etnográfica da territorialidade beiradeira, cuja origem remete ao estabelecimento dos seringais na região, propõe-se acompanhar algumas das transformações pelas quais essa territorialidade passou ao longo do século 20. Debruço-me em particular sobre as noções de união, fartura e respeito, que estão no centro desse modo de vida e que argumento serem centrais a um projeto de futuro que passe por viver bem nesses territórios. Com base nesse quadro, situo as dinâmicas socioeconômicas regionais que marcaram o processo de criação de um mosaico de unidades de conservação ambiental na região do Xingu, no qual se inseriram as áreas restritivas. Adicionalmente, a partir das descrição das violações de direitos e dos impactos que tal sobreposição ensejou à territorialidade dessas comunidades, caracteriza-se também o modo com que elas mobilizam aspectos dessa territorialidade em seus processos de resistência. Tal resistência tem sido travada em um contexto de recrudescimento de pressões territoriais à bacia do Xingu, que vinham se intensificando desde a construção da usina hidrelétrica (UHE) Belo Monte, mas que explodiram após 2018, com respaldo em discursos e políticas do presidente Jair Bolsonaro. O principal objetivo da pesquisa é, assim, traçar um percurso etnográfico e antropológico entre as agendas da ecologia histórica e política, que colabore para a construção de novos paradigmas de relação entre povos e comunidades tradicionais e conservação ambiental