Mudanças no garimpo e nos modos de vida dos beiradeiros do alto Tapajós

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Silva, Laize Sampaio Chagas e
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/106/106132/tde-27102023-164933/
Resumo: O garimpo de ouro no alto Rio Tapajós (Sudoeste do Pará) tem passado por diferentes momentos históricos, os quais influenciam nas dinâmicas social, econômica e ambiental da região. O reaquecimento do preço do ouro e o processo de mecanização da atividade garimpeira têm contribuído para o aumento da extração de ouro e geração de impactos socioambientais em uma escala sem precedentes na história da garimpagem. A expansão do garimpo na Amazônia e, em especial na região do Tapajós, cria uma lacuna de conhecimento para se compreender como os modos de produção do garimpo estão relacionados às alterações dos modos de vida locais. Partindo das abordagens de sistemas socioecológicos e de modos de vida, este estudo objetivou analisar como as transformações da atividade garimpeira têm influenciado as alterações dos modos de vida dos beiradeiros do alto Tapajós. O estudo de caso adotado é o Assentamento Agroextrativista de Montanha e Mangabal, na margem esquerda do rio Tapajós. Foram realizadas entrevistas abertas e semiestruturadas em abordagem metodológica mista com levantamento de dados, qualitativos e quantitativos, das unidades domésticas do assentamento. Os resultados apontam que a maior mecanização do garimpo não se relaciona com os modos de vida dos beiradeiros de Montanha e Mangabal, devido às diferenças nas relações de trabalho e de produção. No entanto, a expansão da garimpagem no Tapajós intensificou os conflitos por territórios tradicionais e aumentou a dependência dos beiradeiros desta atividade para comercializar sua produção. Acrescenta-se que a presença do garimpo mais mecanizado aumentou a dificuldade em pescar, devido à poluição das águas e à presença de resíduos de garimpo. A escassez deste recurso resultou na substituição dos apetrechos de pesca tradicionais por outros mais eficientes. Também houve redução da variedade de plantas cultivadas, afugentamento da caça e aumento do desmatamento. Tais resultados apontam mudanças na prática das atividades tradicionais. Os diversos tipos de garimpo têm comprometido a navegação, os habitats de animais aquáticos e a reprodução cultural dos beiradeiros do rio Tapajós. Com isso, as evidências encontradas demonstram o quanto a alteração dos sistemas socioecológicos está relacionada à uma transição nos modos de vidas e ao desenvolvimento de novas estratégias de adaptação ao novo contexto. A adaptabilidade ao novo sistema pode proporcionar acúmulo de vulnerabilidades e redução da resiliência. Por fim, este estudo buscou contribuir para a discussão acerca da transformação da atividade garimpeira na Amazônia e seus efeitos nos modos de vida locais.