Descolonizando saberes: Histórias de Bolivianos em São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Favaretto, Júlia Spiguel
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-12092012-100535/
Resumo: Esta dissertação é o resultado da pesquisa sobre o deslocamento de bolivianos para a cidade de São Paulo a partir de histórias de vida de alguns desses imigrantes. Realizadas para o título de Mestre no Programa de História Social da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, as pesquisas foram desenvolvidas entre 2009 e 2012. Baseamo-nos na noção de colonialidade do saber, formulado por Boaventura de Sousa Santos, para compreender como os deslocamentos de populações em direção aos centros do capitalismo, que, com a esperança de integrarem-se no mundo globalizado, revelaram as impossibilidades no Século XXI da expansão dos direitos fundamentais. Por meio da História Oral, registramos histórias de vida nas quais foram expostos valores a respeito do mundo contemporâneo, daqueles que, por serem imigrantes, sentem-se como estrangeiros em terras brasileiras. Estes sujeitos, em suas narrativas, demonstraram as faces perversas da globalização e a fragilidade da racionalidade ocidental, a qual não constrói novas dimensões de saberes necessários neste momento histórico. A análise das entrevistas foi feita tendo como referência autores como Abdelmalek Sayad, para quem os deslocamentos são um fato social total, Silvia Rivera Cusicanqui, defensora da revalorização de saberes alternativos à lógica ocidental dominante, e Axel Honneth, que investiga o processo de sociabilização dos sujeitos e as formas de reconhecimento ou desrespeito que dele derivam. Reproduzidas na íntegra, as histórias de vida revelaram a imigração em toda a sua complexidade, por isso elas foram analisadas sob diversos prismas, entre eles: a subcidadania e a vulnerabilidade dos imigrantes indocumentados resultado do não acesso aos direitos fundamentais; o impacto da experiência da migração nas trajetórias individuais; os efeitos do preconceito e a discriminação na identidade dos grupos que ocupam posições subalternas; e, finalmente, a importação de trabalhadores como um mecanismo de produção de desigualdades. Defendeu-se nesse trabalho a idéia da necessidade da interculturalidade, pois saberes tradicionais são tão necessários como os conhecimentos oriundos das novas formas tecnológicas. Uma ecologia do Sul pode representar um novo modo de reinventar as solidariedades perdidas.