Resumo: |
No mundo contemporâneo das materializações discursivas acerca da democracia, emergem sentidos que têm afetado a constituição dos interdiscursos de sujeitos-professores e sujeitos-gestores das escolas públicas do estado de São Paulo destaque para uma escola de uma cidade do interior reverberando nas supostas práticas democráticas de sua gestão escolar. A partir de tais práticas e saberes pedagógicos, ditos democráticos, e dentro de certas condições de produção, analisamos, nesta dissertação de mestrado, as discursivizações do significante democracia pelos sujeitos (professores e gestores) dessa escola específica. As mobilizações de inúmeros conceitos de Análise de Discurso Pecheuxtiana (AD) como sujeito, sentido, ideologia, memória discursiva, formação discursiva, formação ideológica, enunciado, interdiscurso, posição-sujeito, dentre outros, orientam-nos nas investigações sobre as consequências e reverberações do significante contemporâneo de democracia em relação à Gestão Escolar. A escolha da Análise de Discurso de matriz pecheuxtiana francesa (PÊCHEUX, 1990, 1995, 2008 e 2015), como dispositivo teórico-metodológico para esta dissertação, justifica-se por ser um campo amplo de estudos que contempla e abrange importantes áreas do conhecimento científico como: o materialismo histórico, que compreende, discute e reflete sobre as formações e transformações sociais assim como seus movimentos constituintes, além da ideologia como instrumento de observação dos seres interpelados pelo assujeitamento histórico e suas (re) produções. O corpus é constituído por entrevistas realizadas com os referidos sujeitos como também observações de suas atuações nessa escola. A partir desse amplo espaço discursivo (MAINGUENEAU, 1997), realizamos recortes compreendidos como fragmentos correlacionados de linguagem e situação (ORLANDI, 1999). Dos recortes selecionados, são extraídas as sequências discursivas de referência (S.D.R.) (COURTINE, 1982) para as análises discursivas, e estas nos mostram que, estes sujeitos estão inseridos em formações discursivas que não lhes permitem se deslocarem de um lugar onde apenas enunciam os discursos do Estado, muitas vezes tidos por eles como irrefutáveis; não se veem na condição de sujeitos capazes de se contraporem aos discursos ditos democráticos instituídos pelo mundo contemporâneo como verdadeiros, muito menos questioná-los. Esses sujeitos não percebem que a discursivização sobre uma suposta gestão democrática é marcada pelo imaginário, atua na ilusão subjetiva, conduzindo-os à crença de serem as origens do dizer. As contradições, os silenciamentos, as multiplicidades de sentidos a respeito do tema democracia não causam estranhamento algum para esses sujeitos, impedindo-os de produzirem novos sentidos. |
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