Adesão medicamentosa de pacientes com insuficiência cardíaca e dispositivo cardíaco eletrônico implantável: perfil psicológico e fatores de influência

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Farah, Livia Xavier Soares
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5131/tde-02072021-123500/
Resumo: Introdução: A baixa adesão medicamentosa (AM) é um problema de saúde pública relevante e que pode estar relacionada ao perfil psicológico e características sociodemográficas dos pacientes. Estima-se que o prognóstico de portadores de dispositivos cardíacos eletrônicos implantáveis (DCEI) com insuficiência cardíaca (IC) é pior quando há baixa AM e a melhora da adesão pode reduzir complicações clínicas e a mortalidade. Neste contexto, a entrevista motivacional (EM), intervenção para mudança comportamental dos pacientes no interesse da sua própria saúde, pode ser eficaz em pacientes com IC e DCEI. Objetivos: a) avaliar a taxa de AM em pacientes com IC e DCEI considerando perfil psicológico, características clínicas e sociodemográficas; b) avaliar o impacto da EM nos pacientes com baixa AM. Método: Estudo descritivo, intervencional e unicêntrico de pacientes consecutivos com IC e DCEI do InCor/HC-FMUSP. O estudo foi desenvolvido em duas fases distintas: Fase I - coleta de características clinicas e sociodemograficas, avaliação da taxa de adesão medicamentosa e avaliação dos fatores psicológicos através dos seguintes instrumentos: Escala de Adesão à Medicação de Morisky (MMAS-8); DS-14- para diagnóstico de personalidade tipo D; Questionário de Percepção Breve de Doença (B-IPQ); Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HADS) e Avaliação Cognitiva de Montreal (MoCA). A taxa de AM foi classificada como satisfatória quando o score de Morisky foi >= 6. Fase II- Realização da EM nos pacientes com baixa adesão a cada trinta dias no decorrer de três meses. Antes de iniciar a EM os pacientes foram submetidos novamente a MMAS-8. Resultados: Foram incluídos 400 pacientes com idade entre 31 e 92 anos (média 67,7 ± 11,7 anos) sendo 237 (59,3%) do gênero feminino. Cerca de 55,8% dos pacientes apresentaram ensino fundamental incompleto e 65,8% eram aposentados. 172 (43,0%) pacientes apresentaram ansiedade, 119 (29,7%) depressão, 140 (35%) distress, 94 (23,5%) personalidade tipo D, 325 (81,9%) perceberam a doença como ameaça e 384 (96%) prejuízo cognitivo leve. Na análise da taxa de AM, 301 (75,3%) pacientes apresentaram adesão satisfatória e 99 (24,7%) apresentaram baixa adesão. No grupo de baixa adesão observamos maior porcentagem de casos em dependentes e desempregados (p = 0,021) e maior porcentagem do gênero feminino (p = 0,049) quando comparado ao grupo com AM satisfatória. Fatores psicológicos, ansiedade, depressão, distress e personalidade D contribuíram para a baixa taxa de AM (p <0,001). Em relação ao prejuízo cognitivo, o grupo com baixa adesão apresentou resultados significativamente menores nos domínios da atenção (p = 0,018) e nomeação (p = 0,023) quando comparado ao grupo de AM satisfatória. Conclusão: A maioria dos pacientes com IC e DCEI apresentaram AM satisfatória. A baixa AM esteve associada a fatores clínicos, socioeconômicos e psicológicos. Ansiedade e uso do medicamento AAS foram preditores de baixa adesão. A EM melhorou a taxa de adesão medicamentosa nesta população.