Diversidade na unidade: a Tradição Polícroma da Amazônia na História Indígena de longa duração do Médio Solimões (500-1900 d.C.)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Lopes, Rafael Cardoso de Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/71/71131/tde-31102024-172445/
Resumo: Esta tese tem como objeto a história indígena do Médio Solimões entre 500 e 1900 d.C., tomando como eixo de análise persistente a produção cerâmica da Tradição Polícroma da Amazônia (TPA). A TPA é a tradição cerâmica tardia de maior dispersão da Amazônia, atingindo, ao redor do ano 1000 d.C., a calha dos grandes rios da Amazônia Central e Ocidental. O Médio Solimões (AM) é área central de estudos da TPA na medida em que possui as datas mais antigas para essa ocupação, assim como evidências muito recentes. A temática foi abordada por três aproximações. A primeira se refere à escavação e análise contextual e cerâmica comparativa de três sítios arqueológicos: São João, na beira do rio Solimões, e Tauary e Ponta da Castanha, na Floresta Nacional de Tefé no lago Tefé. Esses procedimentos revelaram diferenças contextuais e tecnológicas internas à produção cerâmica polícroma relacionadas a uma periodicidade demarcada. A segunda dimensão abordada envolveu a conexão entre o contexto arqueológico prévio à invasão europeia e o contexto histórico associado à invasão e colonização do Médio Solimões. Esse estudo de arqueologia documental permitiu traçar linhas de continuidade entre contexto histórico e arqueológico, iluminando um em função do outro, assim como propiciou a percepção de uma continuidade na produção cerâmica polícroma até o crepúsculo do século XIX. Para a terceira aproximação, a conjunção de dados regionais levou a uma revisão geral do processo de dispersão da Tradição Polícroma, desenvolvida por meio de técnicas de arqueologia computacional. Essas análises reforçaram a multiplicidade de momentos da dispersão da cerâmica polícroma, apontando, ainda, para a importância de rios secundários para essa expansão. Por fim, essa massa de estudos foi sintetizada de forma a produzir uma história de longa duração dos produtores de cerâmica polícroma no Médio Solimões dividida em três momentos: o primeiro entre 500-1300 d.C., de convivência entre grupos distintos produzindo cerâmicas diferentes; o segundo, no qual a cerâmica polícroma predomina e com ela modos de vida baseados na predação, entre 1300-1630 d.C.; e um período tardio, entre 1630-1900 d.C., engendrado pelo colonialismo na Amazônia, no qual a produção cerâmica polícroma persiste como resistência de mulheres indígenas no âmbito das missões e povoados coloniais e pós-coloniais.