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AAnalise econômica de fatores relacionados ao uso do credito-rural no município de Piracicaba, estado de São Paulo, 1969/70

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1973
Autor(a) principal: Barros, Geraldo Sant'Ana de Camargo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-150942/
Resumo: A presente pesquisa faz parte integrante de um projeto global denominado "Classificação e Caracterização das Famílias e das Empresas Rurais do Município de Piracicaba", realizado pelo Departamento de Ciências Sociais Aplicadas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Sua área de estudo é o Município de Piracicaba e a amostra corresponde aos proprietários rurais encontrados no roldas entrevistas realizadas pelo referido projeto global no primeiro semestre de 1971. A preocupação fundamental desta pesquisa é o estudo dos efeitos da utilização do crédito rural, bem como a verificação da alocação de recursos produtivos e do próprio crédito ao nível de propriedades agrícolas. Especificamente, os objetivos da presente pesquisa são: a) comparar a produtividade e a rentabilidade de propriedades que usam com as que não usam crédito, e identificar outros fatores que possam afetar essas medidas para cada grupo; b) estimar as elasticidades de produção e as produtividades marginais dos fatores de produção para as propriedades que utilizam e para as que não utilizam crédito; e) estimar as produtividades marginais do crédito, como um fator de produção; d). analisar as implicações econômicas e políticas dos dois itens anteriores; e) prover suporte metodológico para futuras pesquisas. A amostra utilizada era constituída de 112 propriedades, cujas áreas variavam entre 10 e 300 ha, das quais 75% com menos de 50 ha. Além disso, 68% dessas propriedades eram especializadas na produção da cana-de-açúcar. A consequência dessas duas características - pequenas e médias propriedades produzindo cana - tem sido amplamente estudada e se reflete nos altos custos médios de produção e na impossibilidade dos ganhos de escala. O conjunto das propriedades em estudo foi subdividido em dois sub-grupos: 65 usuários de crédito e 47 não-usuários. Foi determinada a estrutura do capital agrário para ambos os grupos. O montante de capital investido mostrou-se maior para os usuários de crédito. Os dois componentes mais importantes foram terra possuída e benfeitorias. O primeiro deles representou uma porcentagem menor do capital agrário para os usuários. O capital em máquinas mostrou-se proporcionalmente maior para os usuários de crédito. O montante médio de crédito de custeio representou 15% do total médio das despesas de custeio, enquanto o crédito total (custeio mais investimento) alcançou somente 10% do capital de exploração das propriedades. Para a consecução dos objetivos propostos, um modelo de análise de variância foi utilizado para testar diferenças quanto à produtividade e rentabilidade das propriedades dos dois grupos em estudo. Alguns outros fatores que podem afetar o desempenho econômico além do crédito rural também foram utilizados. O conjunto das medidas calculadas nesta parte do trabalho foram: renda bruta/ha, renda líquida/ha, renda bruta/dias-homens, receita total/montante do capital investido; nível de escolaridade, nível de mecanização, participação no mercado, renda. bruta, área explorada, capital de exploração/área explorada e dois Índices de práticas. Esclarecimento maior cabe quanto aos dois Índices de práticas empregados. Segundo métodos próprios, os agricultores foram escalonados segundo escores de utilização de práticas agrícolas recomendáveis: análise do solo, calagem, adubação química, controle à erosão, controle fitossanitário e matrizes e sementes selecionadas. Um desses Índices procura medir quem usa maior número destas práticas. Para a determinação do outro, as práticas foram ponderadas de modo inversamente proporcional à vulgaridade das mesmas. Cabe dizer, ainda, que essas comparações foram feitas tanto para a amostra total, como somente para os agricultores especializados na produção da cana-de-açúcar. Os resultados mais importantes dessa parte do trabalho seriam: a) não houve diferenças significativas em termos da produtividade da terra, da mão-de-obra e do capital, do nível de escolaridade entre os usuários e não -usuarios de crédito. b) os resultados para o grupo de especializados em cana-de-açúcar foram basicamente os mesmos; c) os usuários de crédito como um todo caracterizaram-se por conduzirem empresas maiores, ma.is mecanizadas, mais intensamente exploradas, mais voltadas para o mercado. Além disso, os usuários de crédito foram os que utilizaram mais práticas recomendáveis; d) na amostra como um todo, 70% das propriedades apresentaram renda líquida negativa. Este resultado deve ser encarado com certa reserva, dada a arbitrariedade na determinação da remuneração a terra e capital. Na segunda parte do trabalho, funções de produção do tipo sugerido por Cobb-Douglas foram ajustadas para cada um dos grupos. A variável dependente empregada em todos os ajustamentos foi a renda bruta (Cr$). As variáveis independentes foram: área explorada (ha), mão-de-obra familiar (dias-homens), capital em maquinaria (Cr$), capital em maquinaria e animais (Cr$) e despesas de custeio (Cr$). Além dessas variáveis independentes, duas outras foram incluídas: crédito de custeio e crédito total. As variáveis foram combinadas de diferentes modos, segundo a lógica do processo produtivo. Para os usuários de crédito pode-se dizer que todos os fatores, exceção feita à mão-de-obra familiar, estariam sendo empregados no estágio racional da produção e em quantidades inferiores ao ótimo econômico. Recomendar-se-ia, portanto, o incremento no emprego de todas elas. A variável mão-de-obra familiar deixou alguma dúvida quanto ao estágio em que estaria sendo utilizada, porém, os resultados evidenciaram um emprego além do ótimo. O crédito de custeio e o crédito total apresentaram produtividades marginais bem superiores à unidade, o que denota a possibilidade do incremento em sua utilização. Os resultados para o grupo de não-usuários de crédito revelaram que os fatores área explorada, capital, em maquinas e capital em maquinaria e animais estariam sendo empregados no 2º estágio da produção e aquém do Ótimo. A variável mão-de-obra familiar resultou não significativa e com sinal negativo. Por outro lado, as despesas de custeio estariam sendo empregadas no estágio racional da produção, porém, além do Ótimo econômico. A verificação do nível médio de emprego dos diferentes fatores mostrou que os usuários mantinham mais valores em máquinas e animais e despendiam mais em despesas de custeio por unidade de área. Já o nível de emprego da mão-de-obra familiar foi maior para os não-usuários de crédito. A exceção das despesas de custeio, tais resultados são consistentes com aqueles, em termos marginais: os valores do produto marginal do capital em animais e maquinaria, e só em maquinaria foram maiores para os não-usuários; da terra e da mão-de-obra, para os usuários. Portanto, embora empregando mais a variável despesas de custeio, os usuários apresentam maior valor do produto marginal. Uma possível explicação para isso seriam os Índices de práticas determinados. O conjunto de práticas que os compõe poderiam estar afetando qualitativamente as despesas de custeio dos usuários, com consequente aumento de sua produtividade marginal. Esses Índices explicariam a questão do fator terra de modo semelhante. Em conjunto, os resultados da pesquisa mostram a significativa viabilidade do aumento do uso do crédito rural no sentido de um incremento da renda líquida dos pequenos e médios agricultores de Piracicaba. Por outro lado, seria recomendável que o crédito rural atingisse, também, os atuais não-usuários com o fim de propiciar maiores níveis de mecanização, participação no mercado e a utilização maior das práticas agrícolas recomendáveis. Esta última possibilitaria, inclusive, uma elevação da produtividade das despesas de custeio.