Obesidade feminina: considerações a partir do Psicodiagnóstico Interventivo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Gomes, Fernanda Kimie Tavares Mishima
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-11082011-163936/
Resumo: Atualmente a obesidade desponta como epidemia global, uma das patologias de mais alto risco e com graves consequências para a saúde física e mental. Suas formas de tratamento mostram-se ineficazes, as pessoas sentem dificuldade em seguir dietas alimentares e manter atividades físicas. Assim, a perda de peso não permanece por muito tempo. Pensando nas possíveis formas de tratamento, este trabalho teve por objetivo averiguar as possibilidades de auxílio proporcionadas pelo Psicodiagnóstico Interventivo como coadjuvante no tratamento de mulheres com obesidade grau II. Foram realizados cinco estudos de caso com mulheres entre 30 e 40 anos, com IMC maior que 35 kg/m² e menor que 39,9 kg/m² (obesidade grau II), de nível socioeconômico médio. Elas foram encaminhadas pela equipe médica do Centro de Saúde-Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Realizou-se avaliação psicológica em oito sessões, com aplicação do Procedimento do Desenho da Figura Humana (DFH), no início e ao final do processo; entrevista semiestruturada e Procedimento de Desenhos-Estória (D-E), com enfoque interventivo. As técnicas foram avaliadas por meio do método da livre inspeção, em uma abordagem qualitativa de perspectiva psicanalítica. Houve similaridades entre as mulheres avaliadas. Como aspectos comuns, todas elas tiveram experiências iniciais com um ambiente que não se mostrou suficientemente bom, incapaz de prover suas necessidades afetivas. A figura materna não foi capaz de acolher as necessidades das mulheres, também não houve auxílio da figura paterna, que foi vista com intensa rigidez, autoritarismo e severidade. A falta de confiança no ambiente familiar pareceu se estender ao convívio social das mulheres, em especial, em seus relacionamentos amorosos, tidos como insuficientes e até traumáticos. Muitas vezes, o outro funcionou como figura provedora de afeto e cuidado, em uma tentativa de substituir o prejuízo das figuras parentais. Assim, ele era visto como cuidador e não aquele capaz de prover satisfação sexual. As mulheres apresentaram sentimentos de menos valia, desvalorização de si e baixa autoestima, recorrendo à submissão ao outro e a busca incessante por agradá-lo para não perder o seu afeto. Elas usavam o alimento como forma de se proteger do contato interpessoal, por receio de sofrerem e não serem amadas, como uma capa falso self que protegesse o self verdadeiro. Logo, afastavam-se deste convívio, sentindo-se isoladas. A falta de provimento das necessidades dessas mulheres na infância acarretou em dificuldade em ser autônoma e fazer uso pessoal dos objetos, com prejuízos na passagem pela transicionalidade. Durante o Psicodiagnóstico Interventivo, o encontro entre participante e pesquisadora permitiu que as mulheres se sentissem seguras, confiantes e aceitas, mesmo ao demonstrar seus sentimentos hostis em relação ao outro. O fornecimento de holding e a vivência de um ambiente suficientemente bom, oferecido durante a avaliação/intervenção, permitiram que elas entrassem em contato consigo mesmas, conhecessem suas necessidades e desejos, podendo expressá-los sem sofrer retaliação ou perder o objeto amado. Assim, foi dado um sentido para o alimento e cada uma pôde fazer uso desta significação em sua vida pessoal.