O ensino da física moderna nos livros didáticos do início do século XX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Martins, Valeria Rosa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/81/81131/tde-03062015-150517/
Resumo: O livro didático, mesmo com todos os recursos digitais disponíveis, possui papel de destaque na educação básica brasileira, seja em razão de seu amplo acesso a alunos e professores, seja por causa de sua presença na história da nossa educação. Como fonte de pesquisa, esse material tem atraído cada vez mais interesse dos pesquisadores que o analisam sob diversos aspectos. Neste trabalho analisamos o livro didático como fonte documental histórica e tivemos como objetivo estudar a inserção de conteúdos de física moderna em livros didáticos de Física do começo do século XX. Analisamos cinco livros didáticos de Física: Traité elémentaire de Physique (1918), de Albert Ganot; Curso elementar de Physica (1920), de Antônio de Pádua Dias; Tratado de Physica (1928), de Raul Romano; Tratado de Física elementar (1925), de Francisco Ribeiro Nobre; e Curso de Physica (1936), de Aníbal Freitas. Na perspectiva de caracterizar o ensino de física moderna no período, com base na leitura exaustiva do material e dos referencias utilizados, foi possível construir quatro grandes categorias de análise: histórica, matemática, experimental e aplicativa tecnológica. Na categoria histórica, por exemplo, estão inseridos os elementos relacionados a descobertas e biografias dos cientistas. Foi possível notar que a ênfase nessa categoria é caracterizada pela priorização de fatos e uma história descritiva. A categoria matemática aparece marcada pelo uso de relações de grandeza e proporções, e não pelo predomínio do uso de equações que são comuns nos livros didáticos atuais. Já a categoria experimental caracteriza-se por uma série de apresentações de atividades práticas, as quais, muitas vezes, resumem-se à descrição procedimental acerca do uso de alguns aparelhos. Por último, a categoria aplicativa tecnológica foca na descrição de produtos da tecnologia da época, especialmente no uso das radiações na área médica, ressaltando seus benefícios. As categorias experimental e aplicativa tecnológica são as presentes nos livros didáticos analisados e parecem mostrar a forma como a física moderna era tratada no contexto educacional brasileiro do início do século XX, indicando uma tendência fortemente relacionada ao apelo da inserção de temas mais contemporâneos da ciência e com conteúdos direcionados à aplicação tecnológica. Desta pesquisa identificamos três questões principais, que podem promover à sua continuidade. A primeira trata da pequena expressividade de trabalhos desta natureza, que no Brasil passaram a ser mais frequentes a partir da década de 1990. A segunda ressalta a ausência de conteúdos mais acadêmicos nos livros didáticos analisados (como a Radiação de corpo negro e a Quantização de energia, temas contemporâneos à época). Por último, indagamos sobre a influência francesa no sistema educacional brasileiro, tanto nos modelos de instituições escolares criados no nosso país, como também nos livros didáticos recomendados. Questionamos se essa influência francesa foi percebida apenas no Brasil ou se também pôde ser observada em outros países.