Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Picchia, Paulo Menotti Del |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8134/tde-24062021-185813/
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Resumo: |
Esta tese apresenta uma etnografia musical do funk na cidade de São Paulo. A pesquisa aconteceu em três espaços onde a música funk é um elemento central: a Liga do Funk, estúdios de gravação e fluxos num bairro periférico da Zona Sul. A Liga do Funk foi minha porta de entrada na pesquisa de campo e representou uma interface política de legitimação do funk como expressão cultural periférica. Jovens provenientes de todas as bordas da cidade se reuniam semanalmente no prédio da Ação Educativa para performarem seus funks, para rodas de conversa, aulas de canto e dança. Nessas reuniões, experiências de vida muito similares compartilhadas entre os jovens frequentadores forjaram identidades territoriais ligadas à música e ao pertencimento à favela. Favela aqui entendida como localidade de dimensões geográficas e territoriais, mas também simbólicas e sentimentais. A partir deste entendimento do funk como a música que identifica o pertencimento à favela, apresento a descrição e análise de fazeres musicais com jovens MCs e DJs dentro de estúdios. Discuti nossas trocas em estúdio a partir da ideia de musicalidade, que se desdobrou em noções de bimusicalidade (HOOD, 1960) e multimusicalidade. O fazer musical em estúdio produz fonogramas, que são interpretados aqui como índices artísticos sob a luz da teoria da agência de Alfred Gell (2018). Tratei das relações entre elementos humanos (orgânicos) e não-humanos (maquínicos) desse fazer musical inspirado também na teoria do ator-rede de Bruno Latour (2001, 2009 e 2012). A tese traz também a etnografia dos fluxos que foram a configuração festiva de funk mais importante de São Paulo nos anos 2010. Descrevo a corporalidade da festa destacando a centralidade dos sistemas de som nesse \"musicar\" (SMALL, 1998). Analiso a festa a partir de uma perspectiva sensorial corpórea, descrevendo o que me aconteceu nos fluxos. Trago ao debate a metáfora da \"neblina\" utilizada por um importante interlocutor na favela onde vivi, para analisar minha presença na comunidade, e o lugar do funk e do mundo do crime no tecido social. |