Escuta dos sonhos como intervenção clínico-política: uma estratégia pendular de despatologização

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Silva, Mariana Desenzi
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-20032023-165417/
Resumo: Esta dissertação de mestrado se inscreve no campo das pesquisas-intervenção e foi realizada junto a adolescentes em um CAPS Infantojuvenil da cidade de São Paulo, no decorrer da pandemia da Covid-19. Foram escutados os relatos de sonhos dos adolescentes como uma intervenção que aponta seus movimentos singulares. A proposta visa recuperar o lugar de intervenções desta natureza no cotidiano do cuidado em Saúde Mental que, em meio às práticas burocratizadas e reducionistas de concepção do sofrimento psíquico, acaba por escamotear o saber que se localiza no sujeito. Intentamos demonstrar os efeitos desse tipo da burocratização e do atravessamento social nas relações cotidianas e na manifestação de sofrimento, além de apontar possibilidades de outra modalidade de funcionamento, condizente à proposta política e clínica fundante dos CAPS Infantojuvenis. Foram utilizadas três estratégias metodológicas: nos encontros, uma lista de perguntas disparadoras; para a apresentação dos relatos de sonhos, selecionamos fragmentos clínicos e realizamos a construção do caso clínico-político. A pesquisa comprovou a hipótese de que a escuta dos sonhos se constitui como uma modalidade de acolhimento do sofrimento sociopolítico produzido pela pandemia e pelas relações institucionais e sociais. A intervenção proposta teve uma dupla função: operou como uma estratégia despatologizante de aproximação com os adolescentes e também como método que revela, a um só tempo, a posição subjetiva de cada participante e uma articulação com aquilo que é proveniente da tessitura coletiva. A partir de uma escuta psicanalítica, foi possível recolher os efeitos despatologizantes desses atendimentos, que se converteram em encontros inventivos de produção de cuidado, complementares àqueles oferecidos pela Instituição durante a crise da pandemia da Covid-19