A opção por não se vincular amorosamente de maneira compromissada entre as condições de existência contemporâneas e a herança psíquica geracional

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Zanetti, Sandra Aparecida Serra
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-22052013-145239/
Resumo: A contemporaneidade contempla condições socioculturais e econômicas de existência que representam um cenário competitivo, com valores instáveis e efêmeros, em que a individualidade toma um lugar central e promove sujeitos mais autônomos e, ao mesmo tempo, mais fragilizados. Diante dessas condições, o que podemos observar, em decorrência, é uma fragilização em torno da construção e manutenção dos vínculos intersubjetivos. Assim, nasceu um interesse em investigar a falta de compromisso com que são formados os vínculos amorosos atualmente, situando-os em meio às condições de existências atuais. No entanto, como partíamos do viés psicanalítico vincular para compreender a formação do sujeito, também supúnhamos o efeito considerável da herança psíquica geracional, na composição do fenômeno. Dessa forma, este estudo teve como objetivo compreender a construção subjetiva de adultos que optam por não se vincular amorosamente de maneira compromissada, em meio às condições contemporâneas de existência e à herança psíquica familiar. Com base na metodologia de pesquisa clínico-qualitativa, foram realizadas entrevistas semidirigidas com seis participantes, de ambos os sexos, com idade entre 25 e 35 anos, que se autodenominavam solteiros por opção. A análise dos dados referendou-se no aporte teórico psicanalítico intrapsíquico e vincular, por um lado, e nos estudos psicossociais, por outro. Buscou-se construir uma narrativa em que fosse possível representar uma compreensão profunda sobre a opção escolhida, abordando aspectos conscientes e inconscientes, de origem sociocultural, intrapsíquica e herdada inter e/ou transgeracionalmente. A história particular e o funcionamento psíquico de cada um dos indivíduos foram fundamentais para o entendimento do fenômeno estudado. Todos eles demonstraram ter características subjetivas identificadas à atualidade, como o narcisismo moderno, o consumismo ou o modelo tecnológico de se relacionar, mas o conteúdo que dava sentido a esses elementos subjetivos era de origem intrapsíquica ou geracional. Outro aspecto constatado foram suas dificuldades em lidar com a frustração. Entendemos que as condições de vida atuais tendem a devolver o sujeito para o miolo de si mesmo, o que dificulta o convívio com a alteridade. O mesmo cenário contemporâneo que aborda a pluralidade dos valores e sustenta formas diferenciadas de opções favorece um posicionamento mais coerente com as possibilidades e vontades dos sujeitos, como é o caso de nossos participantes, ao mesmo tempo em que interfere na estabilidade dos vínculos, porque sujeitos mais frágeis estão menos dispostos a lidar com os conflitos próprios de um vínculo. Certa indisponibilidade psíquica para o contato com a alteridade foi verificada em todos os casos, e a opção por não construir um vínculo amoroso compromissado aponta como mais uma possibilidade dentre outras, neste contexto