Contexto de vida e trabalho de mulheres cortadoras de cana-de-açúcar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Caran, Vânia Cláudia Spoti
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-06062012-155923/
Resumo: A história de vida e trabalho das cortadoras de cana foi tema do presente estudo, tendo como sujeito as mulheres conveniadas ao sindicato de Guariba, interior de São Paulo na região de Ribeirão Preto. O objetivo geral foi evidenciar o contexto de vida e trabalho das mulheres cortadoras de cana-de-açúcar. O estudo foi de natureza qualitativa, utilizando-se o método da História Oral de Vida como recurso para a coleta de dados, que foi obtida em 2011. Constituíram-se sujeitos dez trabalhadoras; foram identificadas duas categorias que emergiram das suas falas: Contexto de Vida e Contexto do Trabalho na Vida. Na categoria Contexto de Vida emergiram as sub-categorias: Migração, Relacionamento Familiar, Sofrimento, Prazer, Estratégias Defensivas e Perspectivas Futuras. Na categoria Contexto do Trabalho na Vida emergiram as sub-categorias: Trabalho Infantil e do Adolescente; Gravidez e Trabalho, Ambiente de Trabalho e Alterações à Saúde, Relacionamentos no Trabalho, Desconhecimento e Aprendizagem no Trabalho, Sofrimento no trabalho e Prazer no Trabalho. A maior parte das trabalhadoras é parda, com ensino fundamental incompleto, casada, com dois e três filhos respectivamente. Suas condições de vida evidenciaram que a maioria procede da região sudeste do Brasil e que possui relacionamentos familiares agressivos e violentos. As condições de trabalho mostraram que a maioria trabalhou enquanto era criança e/ou adolescente; durante a gravidez cortava a cana-de-açúcar, com dificuldades, mesmo em avançado estado gestacional e em algumas situações, seus direitos de repouso não foram respeitados. Quanto ao ambiente de trabalho os principais problemas apresentados foram a presença de animais peçonhentos, o instrumento utilizado para cortar a cana que pode feri-las, a chuva, o calor, o transporte coletivo sujo com barro e o esforço físico demasiado. As principais alterações de saúde mencionadas foram cansaço, dores, câimbras, alterações de tendões e problemas de tontura. Os relacionamentos no trabalho eram considerados bons; ao iniciar o trabalho, a maioria aprendeu a cortar a cana-de-açúcar com seus parentes ou colegas de trabalho e procurou ensinar o ofício aos novos trabalhadores. O prazer descrito é poder ajudar os filhos, gostar do trabalho no corte da cana-de-açúcar e dos colegas. Quanto ao sofrimento foram descritos vários tipos (em relação aos filhos que eram deixados em casa, aos adoecimentos, ao próprio trabalho, ao abandono por maridos e a doação de filhos, a falta de dinheiro, a presença de animais peçonhentos e a morte de familiares); outra fonte de sofrimento foi a necessidade de acordar cedo para trabalhar e após o trabalho realizar as atividades relacionadas com a casa e o cuidado aos filhos. As estratégias defensivas mostraram que as trabalhadoras depositam sua confiança em Deus e encontram força na espiritualidade, inclusive na situação de perdas de familiares, mostrando que utilizam esta estratégia para conseguir suportar o sofrimento de suas vidas. A principal aspiração das cortadoras de cana-de-açúcar é ter uma casa própria onde possam estar com suas famílias e a segurança de um local seu para morar. As trabalhadoras mostraram ter uma vida complexa, diante de fatores sociais e ambientais, com características que levam a uma multidisciplinaridade contextual.