Diversidade da entomofauna nas flores da família Malpighiaceae após distúrbio ambiental no Cerrado

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Andrade, Ruan Felipe da Silva
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59131/tde-06022024-101729/
Resumo: As áreas naturais vêm sofrendo com distúrbios causados por eventos climáticos, naturais ou antrópicos, resultando na perda de espécies da fauna e da flora e podem alterar intensamente o ambiente. O retorno das espécies é gradual, com alterações na fenologia, recursos ofertados e interações animal-planta. Eventos assim acontecem com grande frequência no Cerrado, ambiente com grande biodiversidade, alto endemismo, mas com rápida perda de áreas naturais. Neste trabalho, visamos investigar a diversidade de visitantes florais, especialmente abelhas, em uma área natural de Cerrado mineiro que sofreu com geadas e incêndio em 2021, a partir de seis espécies de Malpighiaceae, e associar essa riqueza com suas fenologias e oferta de recursos.Uma rede de interações abelhas-plantas foi construída e suas métricas calculadas por meio dos softwares R, Aninhado e MODULAR. A caracterização da fenologia das plantas foi realizada com estatística circular. Comparamos a fenológica e a riqueza de visitantes considerando dois momentos desta mesma área, antes (2005-2006) e após um distúrbio (2022). Os recursos oferecidos para sustentar os visitantes florais ao longo da recuperação da área, foram identificados, quantificados e testados por meio de testes para verificar se existia diferença na oferta de óleo e pólen entre as plantas após o distúrbio (ANOVA e Kruskal-Wallis). As fenologias entre períodos demonstraram o mesmo padrão de floração sequencial mesmo após o distúrbio, porém com alteração na duração e oferta dos recursos florais. Logo no primeiro ano após o reestabelecimento da vegetação, a quantidade de óleo floral e de pólen ofertada amostrada pôde amparar várias espécies de abelhas, assim como outros não-Apoidea. Nove espécies de abelhas interagiram com flores de Malpighiaceae ao longo de vários meses, sendo as mais comuns Trigonisca intermedia e Tetragona clavipes, encontradas nas seis espécies amostradas. A rede de interações abelha-planta apresentou padrão aninhado (NODF = 65.03), não-modular e de conectância considerável (C = 52%). Heteropterys pteropetala foi a primeira a florescer após a perturbação, logo, uma das raras a ofertar pólen e óleo floral no ambiente, justificando sua maior riqueza de visitantes entre todas as plantas. Grande riqueza de visitantes também foi observada em Byrsonima intermedia, que iniciou a florada no final do ano quando o período de observações terminava. Caso sua florada tivesse sido observada por completo, possivelmente seria a espécie com a maior riqueza de visitantes. Houve uma diferença notável na riqueza de abelhas entre o período em que a área estava bem conservada e após o distúrbio ambiental, com a ausência de abelhas especializadas na coleta de óleo floral no primeiro ano de recuperação da área, como Centridini, Tetrapedini e Tapinotaspidini. Eventos ambientais graves, como geadas e incêndios, impactam fauna e flora, afetando recursos, riqueza de espécies e suas interações. Durante a recolonização após distúrbios severos, abelhas generalistas inicialmente desempenham um potencial papel na polinização até que as especialistas possam se reestabelecer. Estudos que acompanham áreas naturais antes e após perturbações são essenciais para entender tais interações entre espécies, especialmente em ambientes em recuperação.