Perspectivas maternas sobre separar ou não gêmeos na escola: uma abordagem psicoetológica das causas e consequências 

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Ferreira, Isabella França
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-28052020-175236/
Resumo: Esta dissertação objetivou verificar as causas e consequências da decisão de manter ou separar gêmeos em diferentes salas de aula, segundo a perspectiva materna. Foram realizados três estudos com abordagens quantitativas e qualitativas e os resultados foram interpretados com base na perspectiva psicoetológica. O Estudo 1 visou obter um panorama geral da situação escolar dos gêmeos e das crenças e práticas maternas sobre gêmeos na escola. Participaram deste estudo 287 mães de gêmeos, de 2 a 10 anos de idade, que responderam ao Questionário de Zigosidade e de Gêmeos na Escola. Como resultado, 65% dos gêmeos estudavam na mesma sala e a maioria das mães reportaram ter participado da decisão de separar ou não seus filhos, especialmente em escolas particulares. Em relação a prática, mães que moravam em cidades grandes optavam mais pela separação, assim como as de alta renda. Além disso, gêmeos mais novos eram menos separados do que os mais velhos. Em relação às crenças maternas, o relacionamento e a idade das crianças foram considerados fatores importantes para a decisão de separar ou não. Desenvolvimento da individualidade e personalidade, imposição escolar, dominância, conflito e dependência entre gêmeos foram descritos como os principais motivos a favor da separação. Não encontramos relação entre zigosidade e a prática de separação. O Estudo 2 buscou compreender a influência da zigosidade, idade e situação escolar no relacionamento entre gêmeos e as reações deles à separação. Foram analisadas 422 respostas de mães de gêmeos, de 4 a 12 anos, ao Questionário de Relacionamento entre Gêmeos. Pares monozigóticos (MZ) foram considerados mais dependentes do que pares dizigóticos (DZ), resultado que vai ao encontro de estudos anteriores. Pares de 4 a 6 anos que estudavam separados apresentavam mais rivalidade do que aqueles que estudavam juntos. Ainda, MZ entre 6 e 9 anos que estudavam separados eram mais dominantes do que os que estudavam juntos nesta mesma idade. Foi hipotetizado que a rivalidade e dominância já existiam previamente e, como uma maneira de reduzi-las, as mães optaram pela separação. Elas também reportaram que, dentro de um mesmo par, um gêmeo pode gostar ou querer ficar separado, enquanto o outro pode não aceitar, o que ajuda a desconstruir estereótipos de que gêmeos são uma unidade com gostos e vontades iguais. Por fim, o Estudo 3 objetivou comparar a opinião das mães quanto às consequências de se estudar junto ou separado. Para isso, comparamos as respostas de quatro grupos de mães de gêmeos: MZ que estudam juntos (n= 81), MZ que estudavam separados (n= 45), DZ que estudavam juntos (n= 104) e DZ que estudavam separados (n= 55). Os que estudavam juntos apresentaram maior bem-estar, melhor relação entre eles e maior satisfação do que os que estudavam separados, independentemente da zigosidade. A presença do irmão parece fornecer suporte emocional e um porto seguro para as crianças explorarem o ambiente. Por sua vez, gêmeos que estudavam separados apresentaram maior individualidade. Não encontramos diferenças em relação a relatos das mães sobre desempenho escolar e sociabilidade. Em conclusão, a decisão frente à situação escolar é um reflexo das crenças parentais sobre a criação de gêmeos que são influenciadas pela cultura, características das mães, dos filhos e do relacionamento entre gêmeos. Este estudo foi um primeiro passo para conhecer o tema na realidade brasileira. É necessário atenção e sensibilidade por parte das escolas em relação a este público, considerando as consequências psicológicas e educacionais que práticas pouco embasadas podem acarretar