Microbiota e produtos de fermentação fecal de cães com doença inflamatória intestinal suplementados com β-glucanos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Amaral, Andressa Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/10/10136/tde-21012021-093129/
Resumo: A doença inflamatória intestinal (DII) é considerada a causa mais comum de doença gastrintestinal em cães e a causa mais importante de vômito e diarreia em cães e gatos. Há consenso na literatura acerca da existência de reação imune aberrante aos microrganismos residentes no trato gastrintestinal no indivíduo geneticamente predisposto, associada à disbiose e consequente alteração na concentração de produtos oriundos da fermentação das bactérias intestinais. Os prebióticos são polissacarídeos não amiláceos resistentes à digestão enzimática de animais monogástricos que chegam ao intestino grosso aptos para servirem de substrato ao crescimento e fermentação de bactérias benéficas, em detrimento das patogênicas. Os efeitos imunomodulatórios desempenhados através desta fermentação seletiva apresentam potencial terapêutico interessante em pacientes com DII, os quais são amplamente discutidos na literatura humana, embora pouco discutidos na literatura veterinária. Assim, o presente estudo objetivou avaliar os efeitos da suplementação de β-glucanos na microbiota fecal de cães com DII identificada e quantificada por sequenciamento genético de última geração. Para tal, foram selecionados dezoito cães com DII em fase controlada para compor três grupos experimentais: A suplementado com 0,1% de β-glucanos, B suplementado com 0,1% de um blend de prebióticos composto por MOS e β-glucanos e C - placebo, de modo que todos os grupos receberam a mesma dieta hidrolisada associada ou não aos prebióticos, durante 60 dias. Foram realizados hemogramas e exames bioquímicos de rotina e específicos, quantificação de lactato fecal e, para fins de acompanhamento dos sinais clínicos, foram aplicados dois escores de severidade de enteropatia canina específicos. As abundâncias observadas para cada filo e gênero foram avaliadas por modelo linear generalizado, considerando distribuição binominal e pelo emprego da função de ligação logit. O modelo incluiu efeitos fixos de grupos (A, B e C), tempos de avaliação (T0 e T60), interação entre estes, além do efeito aleatório de resíduo. Estas análises foram realizadas pelo procedimento PROC GLIMMIX do programa Statistical Analysis System. Valores de P<0,05 foram considerados significativos. Ao todo, foram identificados 10 filos, 17 classes, 48 famílias e 101 gêneros diferentes entre os três grupos experimentais. O filo, classe, família e gênero predominante entre os grupos foram, respectivamente, Firmicutes (24,30% - 99,79%), Clostridia (6,64% 97,39%), Lachnospiraceae (0,6% - 89,7%) e Streptococcus (0,02% - 90,19%). O tratamento com prebióticos modulou a população de diversos táxons em função do tempo, mas principalmente, modulou de forma positiva o filo Firmicutes e, somente o tratamento B controlou o crescimento de Collinsella. O tratamento com β-glucano melhorou o Shannon index, o que evidencia possível melhora da disbiose. Não foi observada diferença na concentração fecal de ácido lático entre os tratamentos. A suplementação com os prebióticos melhorou o Canine IBD activity index (CIBDAI; p= 0,0084). O presente trabalho verificou que a suplementação de 0,1% de β-glucanos na dieta de cães com DII, durante 60 dias, foi capaz de modular de forma positiva os microrganismos do trato gastrointestinal, bem como aumentou sua biodiversidade.