Relações intersubjetivas e transdisciplinaridade:as equipes profissionais e a implementação de políticas públicas

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Oliveira, Roberta Andrea de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-12072021-184859/
Resumo: Para dar conta de sua tarefa primária, uma organização não só irá lançar mão das atividades concretas e das relações entre fluxos de trabalho e departamentos, mas também de agenciamentos de conteúdos indiferenciados depositados sobre a dimensão institucional, bem como das alianças inconscientes que sustentam as equipes de trabalho e as ações com os usuários. Neste sentido, esta pesquisa teve como objetivo investigar as relações intersubjetivas de um grupo de educadores de oficinas culturais e artísticas, de uma cidade no interior de São Paulo (Brasil), que buscou lidar com seus conflitos cotidianos no cuidado com os usuários do serviço, procurando organizar-se para desempenhar ações intersetoriais entre cultura e saúde. Realizou-se junto ao grupo de doze educadores da Secretaria Municipal de Cultura (SMC) uma intervenção em formato de grupo operativo durante um ano, com encontros de frequência mensal. Na construção do referencial teórico, utilizamos os conceitos de transdisciplinaridade, intersetorialidade, intersubjetividade e alianças inconscientes. O aprofundamento da análise se deu por meio de teóricos que convergem para a psicanálise que pensa o sujeito como sujeito do grupo e compreende as alianças inconscientes como realidade psíquica. Partiu-se do que os educadores identificavam como um enorme desconforto, uma vez que percebiam que suas oficinas não correspondiam às demandas dos usuários do serviço. A análise das sessões realizadas indicou a constituição de um espaço de simbolização construído durante o processo, no qual, por meio da leitura dos processos psíquicos intersubjetivos, uma elaboração de qualidade transdisciplinar colocou-os mais próximos de uma atuação intersetorial em relação às posições institucionais até então assumidas. Uma atuação desse tipo estaria mais conectada aos tipos de questões trazidas pelos usuários nas oficinas e também mais alinhada a uma possiblidade de oferecer sociabilidade e saúde (algo possível pelo encontro de disciplinas, pessoas, áreas e esforços distintos), considerando isso como um modo de se interpretar e praticar políticas públicas (coerente com o território). Conclui-se que esta pesquisa, ao debruçar-se sobre os desafios enfrentados por uma equipe profissional, nos auxilia na percepção de que políticas públicas, programas e formas de intervir no campo social e institucional não são absorvidas e postas em prática, de imediato, pelas equipes. Tais exigências (novas ações, demanda de usuários) impactam as alianças inconscientes de um grupo e esse impacto pode ter diferentes desfechos, levando a equipe a responder de diferentes formas (de uma resistência excessiva a um acolhimento simbiótico que não possibilitam qualquer intervenção efetiva junto aos usuários). Sendo assim, considera-se que o dispositivo de intervenção foi um espaço no qual esses educadores de oficinas culturais e artísticas consentiram a si mesmos saírem de uma posição enrijecida e estereotipada e entrarem num processo de elaboração de suas posições institucionais