Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2020 |
Autor(a) principal: |
Balancin, Marcelo Luiz |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5144/tde-10092021-163714/
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Resumo: |
INTRODUÇÃO: O mesotelioma maligno (MM) é uma neoplasia maligna altamente letal e associada à exposição às fibras do amianto. Os modelos preditivos e prognósticos levam em consideração os tipos histológicos (epitelioide vs sarcomatoide) e o estadiamento clínico. Além da falta de modelos histopatológicos matemáticos, pouco se conhece sobre o papel da matriz extracelular (MEC) e da presença de outros alvos terapêuticos, como a resposta imunocelular. Nessa tese, sugerimos um modelo prognóstico com base nas características histopatológicas e imunomatriciais e identificamos um novo potencial biomarcador diagnóstico e prognóstico. MÉTODOS: Foram construídos microarranjos teciduais (TMAs) a partir de amostras parafinadas de MM (epitelioide e sarcomatoide), de carcinomas de mama e de pulmão. Foram avaliados parâmetros morfológicos (celularidade tumoral, grau nuclear e linfócitos intratumorais, TILs), imuno-histoquímicos (IHQ), como BAP-1, Ki-67, P53, D2-40, MLH1, PMS2, MSH2, MSH6, PD-1, PD-L1, CD30, CD4, CD8, CD20, CD68, Vimentina, E-Caderina e imunofluorescência (IF) para Colágeno V (Col (V). A matriz extracelular (MEC) fibrilar foi caracterizada para fibras grossas e finas do colágeno (Picrosírius), fibras elásticas (Resorcina) e fibras do colágeno (Imunofluorescência) tipos I, III, IV e V. A MEC não-fibrilar foi avaliada para o ácido hialurônico através do Pentacromio de Movat. Apoptose em células malignas (CMs) foi estimada através da técnica do TUNEL. As lâminas contendo os TMAs foram digitalizadas por métodos computacionais para avaliação e quantificação dos marcadores. Os parâmetros obtidos foram clusterizados em modelo semi-assistido segundo relevâncias biológica e da regressão logística, com desfecho em sobrevida. Finalmente, o padrão de imunossupressão do Col (V) foi comparado entre as células malignas (CMs) dos MM, carcinomas de mama e pulmão e correlacionado aos demais marcadores e sobrevida. RESULTADOS: (I) Caracterização da coorte: A coorte foi composta por 82 pacientes, sendo 73 (89%) portadores de MM epitelioide e 9 (11%) MM sarcomatoide. A densidade de TILs foi correlacionada à densidade de CMs PD-L1 positivas (p = 0,01) e linfócitos T CD8 positivos (p=0,005) em 69% (57/82) dos MM. Todos MM apresentaram fenótipo de transição epitélio mesenquimal (Vimentina positivo e perda de expressão de E-caderina), sendo que a MEC fibrilar e não-fibrilar dos tipos epitelioide e sarcomatoide apresentou composição diferente (densidade de ácido hialurônico de 6,57 vs 10,73, p < 0,05, elastina 6,08 vs 2,03, p < 0,05, colágeno total de 12,05 vs 32,71, p < 0,05, colágeno I de 1,10 vs 0,16, p < 0,05 e fibrina de 4,14 vs 1,02, p < 0,05 na comparação entre epitelioides e sarcomatoides, em fibras/mm3 ). Isoladamente, a baixa expressão de PMS2 (58,44% vs 29,14% no grupo óbito com p<0,001) foi correlacionada à ao risco de óbito (R=1,20). (II) Modelo preditivo: A análise de cluster hierárquico estratificou dois grupos de pacientes com o desfecho óbito. O cluster de alto risco demonstrou alta densidade de fibras de Col (V), baixa densidade de linfócitos T CD8+ e alta celularidade tumoral, independentes das demais características histopatológicas (p < 0,01, com razão de risco de 2,19 (0,54-3,03). (III) Colágeno V: O Col (V) foi colocalizado ao D2-40 (p<0,05; R=0,95), com padrão de expressão por IF individualizando CMs em 95% dos MM e 0% dos carcinomas de mama e pulmão; padrão em blocos CMs em 5% dos MM, 9,3% dos carcinomas de pulmão e 98,9% de mama (p<0,05) e padrão misto (individual e blocos de CMs) em 0% MM, 7,7% carcinomas de pulmão e 1,2% de mama; A IF do Col (V) revelou predominância da expressão individualizada de CMs nos MM (75,6%) em comparação a 7,3% e 17,1% dos carcinomas de pulmão e mama (p < 0,001) e baixa expressão do padrão em blocos celulares (3,7% MM vs 35,2% pulmão e 61% mama, p<0,001). A intensidade de expressão também foi mais intensa nos MM (H-Score mediano de 100 para MM vs 47 em carcinomas de pulmão e 60,6 em mama; p=0,047 e p=0,024 entre os respectivos grupos). A especificidade da IHQ em padrão de células isoladas para Col (V) foi de 0,901, com sensibilidade do padrão em blocos para carcinomas de 0,961. O padrão de expressão do Col (V) mostrou-se preditivo da sobrevida livre de doença quando expresso no padrão CMs isoladas em comparação a blocos (p = 0,05; R = 0,69). A igualdade distribuição dos padrões entre a IF e IHQ foi observada somente no grupo de blocos CMs (p = 0,054). CONCLUSÕES: A necessidade de conhecimento de potenciais alvos terapêuticos para o MM é irrefutável em vista de poucas opções terapêuticas, assim como a caracterização da MEC para melhor compreensão da biologia tumoral. Construímos um modelo de fluxo de trabalho de extração de dados histopatológicos com uso de técnicas de patologia computacional acessíveis, integramos os dados em um modelo prognóstico com utilidade clínica. Finalmente, descrevemos um biomarcador da MEC, não descrito previamente, o Col (V), como promissor marcador preditivo de diagnóstico e prognóstico do MM na rotina clínica da patologia cirúrgica. |