Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2008 |
Autor(a) principal: |
Postigo, Vânia Regina Miranda |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8136/tde-02102008-161645/
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Resumo: |
Esta pesquisa procura analisar o isolamento compulsório dos portadores de hanseníase no Asilo-colônia Santo Ângelo localizado em Mogi das Cruzes, São Paulo, tendo como ponto de partida os anos 1890, época em que as primeiras medidas de controle da hanseníase e de outras doenças foram adotadas pelo poder público paulista. A criação de várias instituições e do primeiro código sanitário marcaram o início da construção de uma forte estrutura para o desenvolvimento de políticas públicas de saúde neste local. Os anos 1960 marcam o fim do período de isolamento dos hansenianos e a possibilidade dos portadores manterem uma vida fora das grades do Santo Ângelo e dos demais asilos do estado. O controle das doenças na capital paulista tornou-se uma grande preocupação do poder público na medida em que a industrialização possibilitava o enriquecimento e a modernização da cidade, atraindo um grande número de imigrantes. O aumento populacional trazia consigo o alastramento de diversas doenças endêmicas e epidêmicas, tornando urgente a intervenção do Estado no combate aos agravos à saúde da população, posto que as medidas particulares adotadas em períodos anteriores não estavam surtindo efeitos. Os conhecimentos produzidos acerca das doenças no Brasil e no mundo permitiam à medicina enfatizar o papel que o ser humano desempenhava na transmissão das doenças, favorecendo com isso o controle sobre os doentes. Desta forma, além da preocupação com o ambiente físico, posto que medidas sanitárias eram adotadas com o intuito de melhorar as condições de vida na cidade, a medicina lançava seu olhar também ao corpo social, vigiando, controlando e excluindo os doentes da população sã. Ao se dirigir ao ser humano, como fonte propagadora de doenças, a medicina sanitarista, que se desenvolvia em São Paulo, adotou técnicas de exclusão, de controle e de vigilância como formas de profilaxia das moléstias. Neste sentido, dentre as várias doenças de notificação compulsória, a hanseníase (antiga lepra) foi privilegiada neste trabalho por tratar-se de uma doença cuja prevenção exigiu o isolamento compulsório de seus portadores em asilos-colônias construídos em locais distantes da capital. A hanseníase se alastrou de maneira impressionante a partir do final do século XIX em São Paulo, causando grande medo entre a população posto que a cura não era conhecida e também porque trazia consigo representações herdadas de um passado distante, mas que ainda impressionavam as pessoas. O isolamento dos portadores de hanseníase no Asilo-colônia Santo Ângelo era visto pelas autoridades, pelos médicos e pela sociedade como única forma de profilaxia da doença. Neste sentido, o Santo Ângelo foi construído tendo em vista uma longa permanência dos doentes, sendo provido de diversas instalações e de uma infra-estrutura elogiada até mesmo fora do estado e do Brasil. Contudo, com o passar dos anos o asilo se tornou um lugar insuportável para se viver. Os doentes, afastados de suas famílias, eram constantemente vigiados, sofriam maus tratos, eram transformados em cobaias para experimentos de novos medicamentos e, fora dos muros do asilo, a doença se mantinha incontrolada. Após décadas de sofrimentos, finalmente em 1967 as portas do Asilo-colônia Santo Ângelo foram abertas para que os doentes pudessem sair. No entanto, muitas pessoas continuaram e continuam até hoje morando no lugar por não possuírem perspectivas de vida fora do asilo. Algumas delas tiveram seus corpos afetados pela doença e se tornaram incapacitados de alguma forma, seja perda da visão, da audição ou de mãos e pés, porém, todas devem levar consigo as marcas do abandono e da exclusão sofridos no período de isolamento compulsório. |