Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2023 |
Autor(a) principal: |
Escarso, Andreia Cassia |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17139/tde-20102023-165623/
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Resumo: |
Introdução: Lesões decorrentes do trânsito causam cerca de 1,35 milhão de mortes por ano em todo o mundo, às quais se acrescentam 20 a 50 milhões de vítimas com lesões não-fatais, mas que implicam sequelas capazes de produzir efeitos ao longo da vida, como incapacidades de toda ordem. A despeito da sua enorme relevância sanitária, especialmente nos países menos desenvolvidos, o assunto não tem merecido a devida atenção no que diz respeito a investigações que possam auxiliar no seu conhecimento e prevenção. Objetivo: Estudar as vítimas de lesões decorrentes de trânsito atendidas na Unidade de Emergência (UE) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da Universidade de São Paulo (USP) no período de 2009 a 2020, identificando características clínicas e epidemiológicas relacionadas aos pacientes e aos traumas, cuidados prestados e fatores associados à ocorrência de óbito. Métodos: O estudo foi desenvolvido seguindo dois componentes: 1) Modelo descritivo, abordando as características epidemiológicas das ocorrências e as principais características clínicas e epidemiológicas das vítimas; 2) Modelo caso-controle, visando identificar fatores de risco associados à ocorrência de óbito. Critérios de Inclusão: Foram incluídas as vítimas de acidentes de trânsito que deram entrada na UE do HCFMRP-USP entre 1º de janeiro de 2009 e 31 de dezembro de 2020 e que foram enquadradas nas categorias V01 a V99 da Classificação Internacional de Doenças (CID 10). Critérios de Exclusão Ausência de anotação dos valores da Escala de Coma de Glasgow e da pressão arterial sistólica na ficha de admissão; ausência da descrição das lesões anatômicas no prontuário médico; pacientes com óbito constatado na admissão (morto ao chegar); pacientes classificados nos intervalos V81-V82 (acidentes ferroviários), V90-V94 (acidentes de transporte por água) e V95-V97 (acidentes aéreos). Fonte de informações: Os dados foram obtidos do banco de trauma criado e mantido pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar (NVEH) da Instituição. As informações contidas no banco são aquelas que constam de uma ficha específica de registro de traumas preenchida para cada paciente com esta condição atendido na UE. Resultados: Foram incluídas 10.822 vítimas de acidentes de trânsito. Ocorreu predomínio absoluto do sexo masculino em todas as faixas etárias, com acometimento mais intenso entre indivíduos jovens, especialmente nas idades entre 20 a 39 anos, em pessoas solteiras, de escolaridade máxima correspondente ao ensino fundamental e residentes em Ribeirão Preto. As ocorrências predominaram aos finais de semana, elevando-se a partir da sexta feira e atingindo pico aos finais do domingo. Os principais índices de gravidade das lesões (escala de coma de Glasgow, Injury Severity Score - ISS, Revised Trauma Score - RTS e Trauma and Injury Severity Score - TRISS) revelaram predominância de pacientes com lesões leves e moderadas no conjunto dos participantes. O coeficiente de letalidade foi igual a 5,3%, com as principais causas de óbito representadas por traumatismos cranioencefálicos, choque hemorrágico e choque séptico. Na análise univariada, as variáveis associadas à ocorrência de óbito foram: doença cardíaca prévia, doença cérebro vascular prévia, septicemia, diabetes insípido, doença cardíaca pós-internação, insuficiência renal aguda, choque hipovolêmico, cirurgia não neurológica, neurocirurgia, transfusão sanguínea, Glasgow < 9, RTS <5 e pressão arterial sistólica <76. Na análise multivariada utilizando a técnica de regressão logística não condicional, as variáveis que se mostraram independentemente associadas ao risco de óbito foram: diabetes insipido, doença cardíaca pós-internação, insuficiência renal aguda, choque hipovolêmico, cirurgia não neurológica, transfusão sanguínea, Glasgow <9, RTS < 5 e pressão arterial sistólica < 76. Conclusões: os acidentes de trânsito representam problema de saúde pública relevante em nosso meio, tanto pelo grande número de ocorrências como pelas sequelas e mortes. Sua abordagem descritiva permitiu conhecer padrões epidemiológicos bem definidos no que diz respeito às vítimas, com máximo risco sendo observado em indivíduos jovens do sexo masculino, predominando aos finais de semana e com grande envolvimento de motocicletas. A utilização de índices de gravidade revelou um grande número de lesões leves no conjunto dos participantes, sinalizando para a necessidade de uma reorganização do sistema de regulação médica. A abordagem analítica dos óbitos, realizada pelo uso de um modelo caso-controle, evidenciou as principais covariáveis que predizem a sua ocorrência. Estudos deste tipo são fundamentais para subsidiar a implementação de políticas públicas voltadas à prevenção dos acidentes de trânsito e à redução da morbimortalidade a eles associada, em nosso meio. |