Intervenção bilíngue: percepção dos pais quanto a mudanças na comunicação com seus filhos surdos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Yue, Andrea Henlin
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5162/tde-27082010-183019/
Resumo: INTRODUÇÃO: Estudos apontam para a importância da aquisição da Língua de Sinais por crianças Surdas o mais cedo possível para o desenvolvimento de linguagem, cognitivo, social e emocional. Porém, poucas dentre estas crianças têm acesso a esta língua em seu ambiente familiar, pois 95% das crianças Surdas são filhas de pais ouvintes. Um programa de intervenção Bilíngue para crianças Surdas, que proporcione o uso da Língua de Sinais como primeira língua (L1) e o português escrito e oral como segunda língua (L2), pode prover à criança um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. Esta pesquisa teve o objetivo de analisar um programa de intervenção Bilíngue para crianças Surdas, na ótica de seus pais ouvintes, com referência ao apoio que receberam dos profissionais envolvidos neste e nas mudanças ocorridas na comunicação com seus filhos depois da participação no programa. MÉTODOS: Foi elaborado um roteiro de entrevista semi-estruturado, que compreendeu os seguintes aspectos: trajetória da família desde o momento da suspeita da Surdez até a entrada no programa Bilíngue; meios e qualidade da comunicação dos familiares com as crianças Surdas; concepção sobre a Surdez e relacionamento familiar. As entrevistas foram realizadas com 17 mães e 1 pai ouvintes, de crianças Surdas com idade entre 5 e 7 anos, que participaram do programa por pelo menos dois anos. A metodologia compreendeu análises quantitativa e qualitativa dos dados coletados nas entrevistas. Foi traduzida e adaptada uma escala de 0 a 10 em que os pais atribuíram nota a seus filhos em situações comunicativas antes e depois da participação no programa Bilíngue. Os resultados das avaliações foram submetidos a tratamento estatístico. As entrevistas foram analisadas qualitativamente com o Discurso do Sujeito Coletivo, selecionando-se as expressões-chave e as ideias centrais dos discursos individuais de todos os pais participantes. RESULTADOS: Com relação à suspeita da Surdez, os resultados indicaram que as mães foram responsáveis em 38,9%, seguida pelos pais por 22,2% e o restante por médicos e outros familiares. A idade das crianças, em média, era de 12,3 meses no momento da suspeita da Surdez e 19,91 meses no momento do diagnóstico. Para a maioria dos pais, tanto o primeiro contato com um Surdo adulto como o aprendizado da Língua de Sinais foram propiciados pelo programa Bilíngue. Houve melhoras significativas, na opinião dos pais, com relação à comunicação e ao relacionamento com os filhos Surdos. Os resultados também mostraram 100% de aceitação da Língua de Sinais pelos pais. Com relação à fluência dos pais no uso da Língua de Sinais, 77,8% destes se autoavaliaram com nota acima de 7. Também ocorreram mudanças positivas para todos os pais na dinâmica da vida familiar e quanto à expectativa de futuro dos filhos Surdos. Os Discursos do Sujeito Coletivo dos pais revelaram o impacto que sofreram ao receber o diagnóstico da Surdez dos filhos, as melhoras observadas por eles na comunicação com seus filhos e destes com outros familiares. Os resultados também mostraram a importância da interação destes pais com Surdos adultos e as mudanças positivas ocorridas em suas vidas e de seus filhos decorrentes de sua participação no programa. CONCLUSÕES: O programa Bilíngue promoveu melhora na comunicação entre as crianças Surdas e seus familiares ouvintes, no comportamento geral das crianças, no relacionamento intrafamiliar, na expectativa de futuro dos pais com relação a seus filhos Surdos e na qualidade de vida destas famílias .