Avaliação da eficácia de agentes fí­sicos e químicos contra biofilmes produzidos por clones de bactérias multirresistentes de importância clínica e epidemiológica no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Esposito, Fernanda Ribeiro dos Santos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/9/9136/tde-10102018-151615/
Resumo: Bactérias multirresistentes (MRs) pertencentes ao grupo ESKAPE (i.e., Enterococcus faecium resistente à vancomicina, VRE; Staphylococcus aureus resistente à meticilina, MRSA; Klebsiella spp., e Escherichia coli produtoras de β-lactamases de amplo espectro; Acinetobacter baumannii, Pseudomonas aeruginosa e Enterobacter spp. resistentes aos carbapenêmicos) são importantes patógenos de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), onde a sua endemicidade e prevalência tem sido decorrente da seleção de linhagens clonais. Embora, o fenótipo MR decorra da expressão de mecanismos mediados por genes intrínsecos e/ou adquiridos, o crescimento bacteriano na forma de biofilme contribui para um importante fenômeno fisiológico de resistência, o qual é inespecífico quanto ao substrato antimicrobiano. O presente estudo teve como objetivo avaliar a eficácia de agentes físicos e químicos contra biofilmes produzidos por clones de bactérias MRs de importância clínica e epidemiológica no Brasil. Cerdas de poliamida foram utilizadas como modelo de superfície de adesão para o crescimento de biofilmes, os quais foram monitorados por microscopia eletrônica de varredura (MEV). In vivo, o modelo de biofilme foi avaliado pela inserção das cerdas na proleg de larvas de Galleria mellonella, enquanto que, diferentes tratamentos foram aplicados para inibir a formação do biofilme. Adicionalmente, mediante ao ensaio de bioluminescência, o modelo de biofilme produzido pela cepa de P. aeruginosa PAO1/lecA::lux foi avaliado na presença de soluções hipertônicas de cloreto de sódio (NaCl). In vitro, soluções hipertônicas de cloreto de sódio (> 6%) utilizadas de maneira profilática, apresentaram efeito bacteriostático (CIM90= 1,7 M) contra biofilmes produzidos por todos os isolados analisados. Além disso, através do uso profilático de soluções hipertônicas de NaCl, foi possível visualizar a inibição da motilidade dos isolados. Por outro lado, os compostos quaternários de amônio (CQAs) cloreto de benzalcônio (CBA) e cloreto de cetilpiridínio (CCP) apresentaram efeito bactericida (CBM90= 256 µg/mL) contra biofilmes previamente formados em 24h. A atividade de ambos os CQAs foi potencializada na presença de soluções salinas hipertônicas, como avaliado pela metodologia de checkerboard, tendo um efeito sinérgico contra E. coli (ST10, ST101) MCR-1 (∑FIC= 0,5); parcialmente sinérgico contra A. baumannii OXA-23 (ST79), E. cloacae CTX-M-8 (ST131), E. faecium VRE (ST478) e K. pneumoniae KPC-2 (ST340) (∑FIC= 0,75); e indiferente contra cepas de P. aeruginosa SPM-1 (ST277) e S. aureus MRSA (ST5). Adicionalmente, a CIM de carbapenêmicos, fluoroquinolonas e aminoglicosídeos contra biofilmes de bactérias Gram-negativas MRs foi potencializada na presença de solução salina hipertônica resultando em uma queda da CIM >=2. Finalmente, in vivo, para todas as espécies MRs estudadas, biofilmes formados em 08, 12 e 24h resultaram em 100% de morte das larvas de G. mellonella em até 96 horas pós-infecção. O mesmo comportamento foi observado para a cepa PAO1/lecA::lux, sendo possível detectar sinais intensos de bioluminescência nas larvas infectadas com os biofilmes. Entretanto, para os biofilmes previamente tratados com solução salina hipertônica, observou-se a diminuição dos sinais de bioluminescência em até 60%. Já para biofilmes formados em 24, 12 e 08h, o tratamento prévio em solução salina hipertônica e posteriormente com antibióticos resultou em um aumento de até 40, 70 e 80% da sobrevida de G. mellonella, respectivamente.