Perfil das pessoas que vivem com HIV/AIDS em terapia dupla em um serviço de referência em tratamento

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Pereira, Luisa de Oliveira
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
HIV
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5133/tde-20092024-140804/
Resumo: A população que vive com HIV vem se tornando mais envelhecida, com uma proporção crescente de pacientes com mais de 50 anos, com aumento da prevalência de comorbidades crônicas não relacionadas a AIDS e dos efeitos colaterais a longo prazo decorrentes do uso de medicações antirretrovirais. Em uma tentativa de diminuir os efeitos tóxicos dessas medicações, foi estudada a possibilidade de diminuir o número de drogas que compõem o esquema antirretroviral padrão, mostrando que em alguns esquemas com apenas duas drogas, sendo uma delas de alta potência e alta barreira genética, era possível atingir a supressão viral sustentada. Esses esquemas bem-sucedidos estudados passaram a ser usados amplamente nos últimos anos, porém ainda temos poucos dados sobre essas novas coortes. Nosso estudo mostra o perfil de pacientes previamente com RNA-HIV indetectável, sem resistência prévia, que mudaram de esquema antirretroviral com três drogas ou mais para um esquema de terapia dupla com DTG +3TC, DRV/r + 3TC ou DTG + DRV/r em um serviço de referência em tratamento no estado de São Paulo. Trata-se de um estudo retrospectivo, em que os dados foram coletados de prontuários físicos e eletrônicos do período de abril de 2021 a dezembro de 2023. Um total de 34 pacientes foram avaliados, em geral com idade superior a 50 anos, que vivem com HIV em média há mais de 18 anos e fazem uso de TARV em média há mais de 16 anos. Após 12 meses de troca de esquema, 94,1% continuaram com RNA-HIV indetectável. Não foi detectada nenhuma falha virológica ou necessidade de troca do esquema nos pacientes analisados, sendo que os valores de linfócitos T CD4+ anteriores à troca, após 3 a 6 meses e 12 meses se mantiveram sem alterações significativas. Com relação às comorbidades, apenas 23,5% dos pacientes não apresentavam nenhuma comorbidade e mais de dois terços (70,6%), apresentaram mais de uma comorbidade. As comorbidades mais prevalentes foram: dislipidemia (55,9%), disfunção renal (47,1%), hipertensão arterial sistêmica (41,2%), diabetes tipo II (20,6%), lipodistrofia (17,6%), comorbidades psiquiátricas (17,6%), sequelas neurológicas (11,8%) e osteopenia e osteoporose (11,8%). Foi encontrada associação entre pacientes com e sem diabetes e o tempo de TARV (p= 0,002) e o tempo do diagnóstico de HIV (p <0,001), associação entre pacientes com e sem hipertensão arterial sistêmica e o tempo de TARV (p= 0,022) e o tempo de diagnóstico de HIV (p= 0,015), associação entre pacientes com e sem lipodistrofia e o nadir de linfócitos T CD4 (p=0,013) e a associação de pacientes com e sem osteoporose e osteopenia com relação à idade (p=0,033) e tempo de TARV (p=0,013). Nosso estudo mostra que a troca para terapia dupla em pacientes indetectáveis sem resistência prévia parece ser uma opção segura mesmo em pacientes com idade mais avançada, com muitos anos de doença e com poli comorbidades. Além disso, é importante destacar que algumas comorbidades parecem ter associações com outros fatores que estão intimamente relacionados ao curso da infecção do HIV