Marcadores inflamatórios do sangue periférico e resposta à terapia neoadjuvante em pacientes com neoplasia de reto

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Coser, Roger Beltrati
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5168/tde-08082023-150201/
Resumo: INTRODUÇÃO: O câncer de reto apresenta elevada incidência no Brasil. Seu tratamento é complexo, multimodal e associado à elevada morbidade, com prejuízo para a qualidade de vida dos pacientes. Sabe-se que os pacientes submetidos à quimio e radioterapia neoadjuvante (nQRT) apresentam diferentes graus de resposta tumoral, variando desde a ausência de resposta até a resposta completa (RC), com desaparecimento do tumor. Há grande interesse no estudo de ferramentas que possam identificar esses pacientes (respondedores e não respondedores) antes de iniciar o tratamento. Dentre essas ferramentas, encontram-se os marcadores inflamatórios do sangue periférico: a razão neutrófilo-linfócito (RNL), a razão plaqueta-linfócito (RPL) e a razão linfócito-monócito (RLM), baseados na íntima relação entre inflamação e câncer. OBJETIVO: Estudar, dentre os pacientes com neoplasia de reto submetidos à nQRT, a relação entre os marcadores de resposta inflamatória sistêmica (RNL, RPL e RLM) e os graus de resposta ao tratamento neoadjuvante, de acordo com a classificação TRG. CASUÍSTICA E MÉTODOS: Foram avaliados, de forma retrospectiva, 396 pacientes uni-institucionais com neoplasia de reto submetidos à nQRT. A avaliação envolveu dados clínicos, laboratoriais e patológicos. Calculou-se RNL, RPL e RLM com base em dados de hemogramas pré-nQRT dos pacientes. Os pacientes foram estratificados por grau deresposta tumoral (TRG) à nQRT, com base no protocolo do Colégio Americano de Patologistas. RESULTADOS: As variáveis RNL, RPL, CEA, número de leucócitos, neutrófilos, eosinófilos e monócitos, além de tamanho do tumor e número de linfonodos comprometidos, apresentaram valores significativamente mais elevados entre os pacientes com resposta incompleta à nQRT (TRG 1-2-3). Também se observou maior percentual de pacientes do sexo masculino entre os pacientes com resposta incompleta à nQRT. Entre os pacientes com resposta completa (TRG 0), apresentaram valores significativamente mais elevados as variáveis: número de comorbidades, hemoblogina (Hb), hematócrito (Ht) e RLM, além de maior percentual de pacientes em uso de medicação anti-hipertensiva e antiagregante plaquetário/anticoagulante neste grupo de pacientes. As variáveis RNL, RPL e RLM apresentaram potencial preditivo de resposta à nQRT (p<0,001). RNL >2,08 mostrou risco relativo (RR) de 2,30 (IC95%: 1,60-3,31) para estimar resposta incompleta (TRG 1-2-3); RPL >129,36 mostrou RR de 1,79 (IC95%: 1,25-2,05) e a RLM >2,67 mostrou RR de 0,42 (IC95%: 0,26-0,66). No modelo linear generalizado múltiplo, RNL>2,08 associou-se, de forma independente, à ausência de RC (RR:1,19; IC95%: 1,07 - 1,28), p=0,001, com área sob a curva (AUC) de 0,659(IC95%: 0,599- 0,718). CONCLUSÃO: RNL, RPL, RLM são preditores de resposta à nQRT em pacientes com câncer de reto. RNL maior que 2,08 é fator preditivo independente para resposta patológica incompleta à nQRT. Estes achados agregam uma ferramenta de baixíssimo custo e amplamente disponível ao arsenal de manejo do câncer de reto, com foco na individualização do tratamento para obtenção do melhor resultado possível para cada paciente