Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2011 |
Autor(a) principal: |
Nascimento, Artur Roberto do |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12136/tde-10082011-203453/
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Resumo: |
A tese investiga controle gerencial como prática social e organizacional a partir de três paradigmas de pesquisa. Foi realizada etnografia em empresa brasileira, utilizando-se de shadowing, teoria fundamentada, entrevistas, observação, análise retórica, de documentos e visuais. No paradigma neofuncionalista, desenvolve teoria fundamentada construcionista para entender como controles sociotécnicos interagem com socioideológicos. Apesar de possuir tecnologias sociotécnicas, tais como \"custeio baseado em atividades\", \"balanced scorecard\", \"orçamento empresarial\", \"planejamento\", elas não são utilizadas como previsto na literatura gerencialista. Ao invés disso, formas sutis de controles socioideológicos, como retórica, políticas de recrutamento, controles sociais, liderança carismática, combinadas com tecnologia de controle híbrida desenvolvida pela empresa, fazem com que funcionários avaliem, implicitamente, custos e viabilidade econômica de suas ações. Essa tecnologia foi apresentada, inicialmente, como ferramenta de inovação, mas no estudo revelou-se como um controle totalizante, mais rígido do que os existentes na literatura. O papel gerencial da contabilidade é fornecido pela demonstração de resultados societária sintética para análise da participação nos lucros. Desse modo, controles socioideológicos substituem contabilidade gerencial. Desenvolveram-se três categorias conceituais para explicação dos achados: equifinalidade de custos e gestão econômica, tecnologia de controle híbrida e estruturas de consciência econômica. Os paradigmas remanescentes estudam a tecnologia híbrida. No interpretativista, a teoria da prática de Schatzki, investiga como funcionários realizam as práticas, identificando-se aprendizado, arranjos, memórias, regras e direcionamento para a ação. No crítico, o paradigma pós-estruturalista analisa política, história, instituições, poder e conflito, com a teoria pós-estruturalista do discurso de Laclau e Mouffe, baseada em psicanálise lacaniana, linguística, ideologia, estruturalismo, desconstrução, genealogia e teoria crítica. Através da lógica da explicação crítica de Glynos e Howarth, desenvolvem-se três grupos de lógicas. Nas lógicas políticas, identifica-se como a empresa converteu um canal de comunicação na década de 1980, em tecnologia de controle nos anos 2000. Desenvolve-se o conceito de instituições políticas de controle, para relatar o cenário político, macroeconômico, institucional e regulatório do Brasil entre 1980 a 2010. Identificou-se sua relação com controle gerencial e como gestores utilizaram discursos universais como \"qualidade\" e \"inovação\", em ações para legitimar a tecnologia híbrida, tornando-os significantes vazios. Nas lógicas sociais, emergiram as lógicas da coletividade, produtividade criativa, controle descentrado, competição e econômica. Nas lógicas fantasmáticas, as fantasias do consumo, fetiche dos prêmios, modismos gerenciais, do herói, família, cuidados e atenção pelos superiores explicam o porquê da tecnologia ser bem-sucedida. Ao final, realiza-se intertextualidade entre paradigmas. O trabalho acrescenta à literatura internacional lacunas de abordagens institucionais e da prática, como a teorização do sujeito e o relacionamento entre universal e particular, introduzindo novas tipologias e questionando a capacidade destas abordagens de explicar processo. Além disso, adiciona conceitos à literatura e contesta pesquisas anteriores sobre o tema. Contribui com a pesquisa no Brasil, discutindo paradigmas alternativos ao positivismo e funcionalismo, permitindo o desenvolvimento de linhas de pesquisa. Os conceitos e categorias gerados possibilitam generalização teórica a partir da noção de \"semelhanças de família\" de Wittgeinstein. Desenvolvem-se três tipologias para pesquisas. O estudo demonstra a necessidade da academia se engajar em debate crítico sobre modismos gerenciais, teoria da contabilidade gerencial, gerencialismo dos livros-textos e aspectos humanos e sociais da contabilidade. |