Estudos enantiosseletivos de metabolismo, citotoxicidade e genotoxicidade in vitro do nematicida fenamifós

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Albuquerque, Nayara Cristina Perez de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59138/tde-15082024-094833/
Resumo: A exposição do homem aos praguicidas pode ocorrer de diversas maneiras, como na exposição ocupacional ou pela exposição crônica após a ingestão de águas e alimentos contaminados com resíduos de praguicidas. Assim, os riscos da exposição humana a estes praguicidas devem ser avaliados. Para isso, faz-se necessário informações sobre o metabolismo, como a rota metabólica, as possíveis interações com outros xenobióticos, e ainda avaliar a sua citotoxicidade e genotoxicidade. O fenamifós, praguicida alvo do presente trabalho, se destaca devido a sua ampla aplicação em mais de 60 países para o controle de nematoides, inclusive no Brasil. Apesar de sua quiralidade e de evidências de estereosseletividade com relação a sua atividade e toxicidade, o fenamifós ainda é comercializado como mistura racêmica. Dessa forma, este trabalho se propôs a realizar um amplo estudo estereosseletivo in vitro de metabolismo de fase I do praguicida quiral fenamifós empregando microssomas hepáticos de humanos, bem como avaliar as interações fármaco-praguicida através dos ensaios in vitro de inibição das principais enzimas do citocromo P450 (CYP450). A citotoxicidade e genotoxicidade estereosseletiva deste praguicida também foi avaliada empregando células mononucleares de sangue periférico humano. Os resultados in vitro demonstraram que o fenamifós sofre metabolismo de fase I mediado pelas enzimas do CYP450, onde se observou a formação do metabólito oxidado, o fenamifós sulfóxido. O perfil cinético do metabolismo do fenamifós foi determinado pelo modelo de Michaelis-Menten. Os parâmetros cinéticos (KM e VMAX) obtidos foram utilizados nas extrapolações in vitro-in vivo. O clearance hepático e taxa de extração hepática evidenciaram a participação do fígado na depuração do fenamifós, embora este processo não ocorra por completo durante a primeira passagem do praguicida pelo órgão. Os ensaios de fenotipagem demonstraram significativa participação das isoformas CYP3A, CYP2B6 e CYP2E1 na formação do metabólito fenamifós sulfóxido. Os resultados referentes ao potencial inibitório do fenamifós sobre as principais isoformas do CYP450 sugerem inibição reversível e competitiva das isoformas CYP1A2, CYP2C19 e CYP3A, com destaque para a acentuada estereosseletividade na inibição da isoforma CYP1A2. A extrapolação in vitro-in vivo sugere que a inibição causada pelo fenamifós a estas isoformas não deve ser ignorada, e que este praguicida possui significativo potencial de causar interações fármaco-praguicida. Os ensaios de citotoxicidade e genotoxicidade demonstraram que o fenamifós parece não ser tóxico às células mononucleares de sangue periférico humano na faixa de concentração avaliada (0,10 até 102,40 µmol L-1) durante 24 horas de exposição. No entanto, apesar do fenamifós não apresentar citotoxicidade e genotoxicidade para as células avalias, os riscos da exposição do homem a este composto não devem ser negligenciados. O fenamifós apresenta significativo potencial de acarretar interações fármaco-praguicida pela inibição das isoformas do CYP450. Assim, os resultados apresentados neste trabalho evidenciam os riscos a que a população brasileira está exposta.