Tat tvam asi em Schopenhauer e Vivekananda: considerações sobre a moralidade hindu contemporânea

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Decock, Diana Chao
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8133/tde-08062021-213431/
Resumo: A admiração de Schopenhauer pela sabedoria indiana perpassa a maior parte de seus escritos, que constantemente fazem uso de conceitos e expressões hindus, como a célebre fórmula sânscrita tat tvam asi (isso és tu). O filósofo alemão toma tat tvam asi como a expressão mais perfeita do conhecimento da identidade metafísica de todos os seres e atribui a este conhecimento o fundamento da moralidade e da ética (da compaixão e da negação da vontade de vida), sem sequer imaginar que um dia a sua interpretação pudesse impactar o próprio hinduísmo, ou aquilo que Hacker denomina \"neo-hinduísmo\". Hacker, um dos grandes indólogos do século XX, apresenta uma categoria ao mundo acadêmico: o \"neo-hinduísmo\" e faz uso da influência de Schopenhauer em Vivekananda para justificar a sua teoria. Vivekananda, um dos grandes líderes espirituais da Índia moderna, teria inserido no hinduísmo elementos propriamente ocidentais, sem qualquer referência à tradição. Por influência da interpretação schopenhaueriana de tat tvam asi, Vivekananda, segundo Hacker, muda seu posicionamento perante o quietismo e cria uma moral, cujo foco é a compaixão. Porém, a teoria de Hacker apresenta problemas metodológicos e epistêmicos, capazes de depreciar o pensamento hindu contemporâneo, em especial, o de Vivekananda. Nesta pesquisa, será demonstrada não somente a fraqueza teórica de Hacker, mas a capacidade criativa e interpretativa de Schopenhauer e de Vivekananda que, com bases e fundamentações filosóficas distintas, apresentaram um novo olhar sobre tat tvam asi. Para isso, a pesquisa será dividida em 3 partes. Primeiramente, será analisada a interpretação schopenhaueriana da fórmula sânscrita, evidenciando as bases epistêmicas e as consequências éticas de tat tvam asi. Em um segundo momento, será demonstrado como a influência de Schopenhauer em Vivekananda foi utilizada por Hacker para ilustrar e justificar o \"neo-hinduísmo\", categoria fortemente criticada por indólogos contemporâneos. E, seguindo os passos dos pesquisadores que visam desconstruir a ideia de \"neo-hinduísmo\", a terceira e última parte da pesquisa denunciará as imprecisões da pesquisa de Hacker, evidenciando que não há uma mudança ou uma ruptura nas considerações morais de Vivekananda, após a utilização da expressão tat tvam asi. Vivekananda apropria-se da interpretação schopenhaueriana de tat tvam asi para justificar o seu Projeto de Ved?nta prático e faz da fórmula sânscrita não somente a base da moralidade, mas do engajamento social, fundamental, ao seu ver, para a mobilização de seu povo. Vivekananda, assim como Schopenhauer, apresenta uma visão inovadora de tat tvam asi e a sua originalidade não deve deslegitimar o seu pensamento ou fazer dele menos hindu do que um suposto \"hinduísmo tradicional\" estabelecido por lentes ocidentais, como as de Hacker.