Palmares: o mito bandeirista no romance esquecido de Joaquim de Paula Souza (1833-1887)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Santos, Jaqueline Martinho dos
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-19042021-183102/
Resumo: As obras literárias como fonte para a pesquisa histórica cada vez mais têm ganhado a atenção de historiadores contemporâneos, embora sua utilização em trabalhos historiográficos exija certos cuidados - dado seu caráter intrínseco de produto da imaginação - para evitar reducionismos e anacronismos. No entanto, apesar dos desafios que representa sua análise, por meio da literatura é possível refletir sobre a sociedade e o contexto em que se deu sua produção e circulação e verificar algumas das questões com as quais se debateram os homens que a produziram e a consumiram. Neste sentido, Palmares, de Joaquim de Paula Souza (1833-1887), mesmo tendo buscado evocar o tempo colonial, especificamente o estilo de vida dos paulistas do século XVII e a luta que deu fim ao quilombo dos Palmares, estabelece um profundo diálogo com os anos de 1880, quando foi publicado incialmente em folhetim e, mais tarde, em livro. Nessa época, dentro do contexto intelectual paulista, ressurgia um movimento nas artes, na literatura e na historiografia de exaltação da figura dos bandeirantes oriundos de São Paulo - movimento esse iniciado pelos historiadores do século XVIII Pedro Taques e Frei Gaspar da Madre de Deus -, mas retomado em um momento no qual a província desenvolvia-se com a economia cafeeira. Em âmbito nacional, o Brasil presenciava o recrudescimento do abolicionismo e a chegada das teorias cientificistas que procuravam explicar as diferenças entre as raças humanas e classificar os diferentes povos entre os mais ou menos desenvolvidos, mirando a cultura europeia como modelo de civilização e de progresso. Joaquim de Paula Souza - médico, fazendeiro e membro de uma das mais importantes famílias paulistas proveniente da cidade de Itu -, não esteve alheio a esses acontecimentos, conforme é possível perceber por meio da leitura de Palmares. Assim, esta pesquisa teve como intuito investigar de que maneira a escravidão e a abolição foram retratadas nesse romance, bem como examinar a imagem do paulista, do negro, dos indígenas e dos mestiços construída nela. Além disso, objetivou-se trazer novamente à luz uma obra que não teve grande acolhimento do público-leitor no momento e após sua publicação, mas cujo estudo pode contribuir para o conhecimento da literatura paulista, antes do estabelecimento da hegemonia cultura do Estado de São Paulo, nas primeiras décadas do século XX.