Disposições de gênero e violências escolares: entre traições e outras estratégias socializadoras utilizadas por jovens alunas de uma instituição privada no município de São Paulo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Neves, Paulo Rogério da Conceição
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-05052014-150749/
Resumo: Esta tese de doutorado apresenta os resultados da investigação realizada com jovens estudantes do ensino médio em uma escola particular localizada no distrito do Jabaquara, no município de São Paulo. Seu foco foi especialmente direcionado para as disposições de gênero acionadas por jovens alunas em diferentes episódios que envolviam violências, tanto nos relatos sobre sua socialização na família quanto na escola em questão. Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório, de natureza qualitativa que procura articular as contribuições de Pierre Bourdieu, no que se refere à teoria de habitus, com os estudos de gênero para a análise das violências vividas e produzidas na instituição escolar. A investigação empírica realizada na instituição escolar utilizou como técnicas para a coleta de dados observações e entrevistas individuais com alunas, alunos e representantes da gestão escolar. Foram consideradas, tanto nas observações quanto nos relatos, as distintas estratégias de sociabilidade utilizadas por garotas e garotos em relação às diversas expressões da violência, com destaque para a estreita relação entre as socializações e as disposições de gênero. Os resultados obtidos evidenciam que as socializações na família e na escola (dentre outras agências socializadoras), são responsáveis pela incorporação das disposições de gênero utilizadas pelas/os jovens, tendo na traição um episódio típico tanto de reprodução de padrões tradicionais de gênero quanto de superação dos mesmos. No caso específico da escola particular pesquisada, os dados revelam que estas socializações encontram-se imbricadas ao modo pelo qual a gestão escolar intervém sobre a indisciplina e sobre os conflitos oriundos das relações escolares ou outros conflitos externos que nelas teriam influência. Como resultado, por fim, conclui-se que a combinação entre incorporação das disposições de gênero, estratégias para lidar com as violências e a prática propositiva e dialogada da gestão escolar, configura disposições de cultura que contribuem para a baixa frequência de conflitos físicos na escola. Mas estes recursos não são suficientes para superar a existência de outras expressões de violências no ambiente escolar ou da reprodução de padrões tradicionais de gênero, como as manifestadas no caso de traição analisado.