Avaliação da dor e do estado nutricional em pacientes submetidos a radioterapia antálgica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Oliveira, Patrícia Mineiro de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/5/5177/tde-13042023-150114/
Resumo: A dor oncológica tem alta prevalência e importante repercussão psicossocial, com reflexos em todas as esferas da dor. A análise nutricional, bem como a investigação instrumentalizada da dor em pacientes com câncer, traz informações clinicamente relevantes e pode nortear planos terapêuticos. A dor oncológica tratada com radioterapia apresenta boas taxas de remissão, pois promove destruição da massa tumoral e dessensibilização dos neurônios periféricos. Este estudo analisou as características da dor e sua interrelação com o estado nutricional em pacientes submetidos a radioterapia (RT) antálgica em um hospital terciário na Amazônia Brasileira. A coleta de dados incluiu instrumentos uni e multidimensionais antes e após o tratamento radioterápico para análise da dor, associados à análise de dados clínicos, epidemiológicos e estado nutricional. A população analisada foi composta por 48 pacientes que apresentavam baixa renda, baixa cognição, baixo risco de uso abusivo de álcool, e predominantemente residiam em Santarém, Pará. Tinham em sua maior parte estadiamento oncológico avançado, tratando tumores primários de próstata e mama com metástases para ossos, com esquema preferencial de 30 Gray em 10 frações. A análise nutricional segundo o índice de massa corporal (IMC) mostrou que metade da amostra foi considerada eutrófica, porém a análise compartimental mostrou baixa massa magra em grande parte dos pacientes. Segundo o escore de caquexia (CASCO), metade dos pacientes foram classificados como caquéticos com média de perda de peso de 17,8%, mas, apesar disso, 62,5% foram classificados dentro da faixa de IMC normal. Os pacientes analisados tiveram boa resposta à irradiação antálgica imediata e após um mês do tratamento. Não houve mudança significativa na intensidade da dor pelo Inventário Breve de Dor (IBD), nos sintomas de ansiedade e depressão, nas escalas de performance clínica e nos limiares de detecção exteroceptiva. Apresentaram melhora significativa no sono e na habilidade de apreciar a vida medidas pelo IBD, redução significativa dos escores sintomatológicos avaliados pelo questionário McGill versão breve e redução significativa dos escores de sintomas de dor neuropática analisados pelo Inventário de Sintomas de Dor Neuropática (ISDN). Houve ainda melhora dos pensamentos catastróficos sobre a dor e da qualidade de vida em todos os aspectos mensurados com o Questionário de Qualidade de Vida (QLQ-C30). Quando agrupada segundo o escore de caquexia pelo CASCO, a população dita caquética apresentou maior escore na Escala Visual Analógica de Dor (EVA) com redução numérica significativamente menor, taxa de resposta menor, com maior taxa de piora após a RT. Este grupo possuía mais dor do tipo neuropática com resposta significativamente menor nos sintomas pelo ISDN e com maior duração da dor. Viu-se ainda que este grupo teve maior escore de pensamentos catastróficos sobre a dor, com menor redução após a irradiação, mais taxa de sintomas de ansiedade e depressão com melhora da qualidade de vida significativa apenas no quesito sintomatológico. Diante dos resultados obtidos nesta pesquisa, fica clara a evidente interferência negativa do estado nutricional depauperado na resposta à irradiação antálgica, devendo este fator ser levado em consideração no planejamento terapêutico interdisciplinar dos pacientes oncológicos