Assistencialismo e marginalidade: o Serviço de Colocação Familiar em São Carlos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1978
Autor(a) principal: Rizzoli, Alvaro
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/11/0/tde-20240301-153146/
Resumo: Este trabalho procurou desenvolver a problemática do assistencialismo e marginalidade em dois níveis. Ao nível do assistencialismo a análise centrada na instituição, ou seja, o SCF, mostrou como ela foi criada devido à preocupação com o problema do menor abandonado. Julgava-se que tal problema era o resultado da desorganização da família e concentrou-se toda a ação na família conforme expressa a própria denominação do serviço. Ficou-se, portanto, a nível da aparência do problema, em termos do chamado “efeito iceberg”: o problema que aflora é apenas uma pequena dimensão de toda uma problemática de grande profundidade que não foi objeto de análise específica e sistemática quando se implantou o programa. Vista, porém, essa mesma instituição como organização formal, a análise constatou a inadequação dos instrumentos criados para os fins visualizados. A maior deficiência organizacional residia no recrutamento dos recursos humanos para a execução do programa, pois o pessoal mobilizado apresentava antes as características de voluntariedade do que as exigências estabelecidas em têrmos estritamente profissionais. Ao nível da população assistida e análise empírica comprovou que se estava diante de grupos tipicamente caracterizados como marginais e que essa marginalização se evidenciava tanto no que diz respeito ao mercado de trabalho quanto ao mercado de consumo. Suas origens como produto do êxodo rural, seus processos de reprodução biológica, sua dependência na obtenção de bens de segunda mão, sua escolaridade incompleta configuram, entre outros elementos, o quadro dos estratos de baixa renda que subsistem à margem do sistema e são mobilizados ou integrados na medida das necessidades desse sistema. É o caso típico do chamado exército industrial de reserva. Diante desse quadro fica evidente que esta instituição criada para superar um problema de tal magnitude não poderia de fato pretender a sua erradicação. Como também, com os instrumentos a sua disposição não poderia promover a integração das populações com tais características. O resultado foi que sua ação assumiu o caráter meramente assistencialista, coerente aliás com a própria concepção que informava o seu programa de trabalho.