Dinâmica espaço-temporal intragrupo de macacos-prego (Sapajus nigritus) na Mata Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Luccas, Vitor Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-04072022-173010/
Resumo: Grupos de primatas podem apresentar organização social que possui uma variação na distância interindividual, onde os indivíduos podem ficar coesos ou dispersos ao longo do dia. Esse tipo de organização traz alguns desafios, principalmente relacionados à troca de informações nos momentos em que os indivíduos estão dispersos, fora do contato visual. Quando dispersos, eles usam as vocalizações de longo alcance para permanecer em contato e indicar a sua posição espacial. Essa troca de informações também é essencial para manter a sincronia de atividade entre os indivíduos, que é considerado um dos mecanismos responsáveis pela manutenção da união do grupo. Portanto, objetivo da presente pesquisa foi de investigar se as vocalizações de longo alcance tem uma relação com manutenção da distancia interindividual, e se a sincronia de atividade diminui conforme os indivíduos ficam mais dispersos, fora do contato visual. Assim, foram analisadas as seguintes hipóteses: (1) As vocalizações de longo alcance ajudam no ajuste da distância interindividual; (2) o número de respostas para essas vocalizações tem relação com a identidade do emissor; (3) as vocalizações de longo alcance são emitidas dos locais que promovem uma maior eficiência de propagação. Em relação à sincronia de atividade, analisamos as hipóteses (4) de que ela é influenciada pela distância mantida entre os indivíduos e que (5) a sincronia é maior entre os indivíduos de mesmo nível hierárquico, sexo e idade. O alvo dessa investigação foi à população de macacos-prego (Sapajus nigritus) encontrada em área de Mata Atlântica, localizada no Parque Estadual Carlos Botelho (PECB). A coleta de dados ocorreu entre março/2018 e Outubro/2019. O esforço de campo total foi de 1368 h, totalizando 446 h de contato com os dois grupos estudados. Foi usado o método de varredura para registrar os comportamentos. A distância interindividual, registrada a cada varredura, foi medida usando as coordenadas da localização dos três indivíduos mais distantes entre si com auxílio de três aparelhos de GPS. As vocalizações de longo alcance foram registradas ad libitum. A análise de séries temporais indicou que a distância interindividual diminuiu após as vocalizações de longo alcance, e a análise de variância indicou que os indivíduos realizaram essas vocalizações com maior frequência dos lugares mais altos (topos de morros). Usando modelos mistos (GMM) observamos que as vocalizações emitidas pelos machos dominantes tiveram um maior número de repostas. Desta forma, os resultados corroboram com as hipóteses um, dois e três. Em relação à sincronia de atividade, uma análise de regressão logística binaria e de homogeneidade indicaram, respectivamente, que a sincronia não é afetada pela distância interindividual, e que a proporção de comportamentos síncronos é a mesma entre os indivíduos de diferentes níveis hierárquicos, sexo e idade, refutando as hipóteses quatro e cinco. Esses resultados sugerem que as vocalizações de longo desempenham um papel na manutenção da distância interindividual, e vocalizar dos lugares mais altos pode ser uma forma de aumentar a eficiência de propagação dessas vocalizações. Manter a mesma sincronia de atividade quando os indivíduos estão coesos ou dispersos, pode ser uma forma de ajudar na união do grupo. Devido à complexidade deste tipo de organização social, que dificulta a comunicação e o contato entre os indivíduos, é provável que os primatas usem esses, e outros mecanismos, para manter a união e estabilidade entre os membros do grupo