Variação temporal na coesão grupal de macacos-prego (Sapajus nigritus) na Mata Atlântica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2016
Autor(a) principal: Luccas, Vitor Rodrigues
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47132/tde-15082016-122847/
Resumo: Grupos de primatas podem ser caracterizados quanto à organização social, que diz respeito a tamanho, razão sexual e dispersão espaço temporal entre os indivíduos. A dispersão refere-se à distância mantida entre os membros de um grupo social. A variação na distância entre os indivíduos permite ao grupo se adaptar de forma dinâmica à flutuação na distribuição de riscos e recursos no ambiente, e também é uma importante característica de uma dinâmica de fissão e fusão. Trabalhos realizados com macacos-prego em área de Mata Atlântica sugerem que eles podem forragear em subgrupos em resposta à diminuição na oferta e distribuição das fontes de alimento, mas nenhum estudo abordou, de forma quantitativa, a variação na dispersão do grupo, medida como distância interindividual. A presente pesquisa teve o objetivo de investigar a variação temporal da distância entre os indivíduos de um grupo de macacos-prego (Sapajus nigritus), e suas relações com o orçamento de atividades, distâncias percorridas e limite de dispersão, em área de Mata Atlântica, o Parque Estadual Carlos Botelho (PECB). Investigamos as seguintes hipóteses: (1) o comportamento dos indivíduos influencia a variação da distância entre eles, (2) a distância percorrida pelo grupo varia conforme a distância entre os indivíduos e (3) o risco de predação limita a distância máxima mantida entre os indivíduos do grupo. Entre dezembro de 2013 e maio de 2015, foi estudado um grupo de S. nigritus composto por quatro adultos, três jovens e um infante. O esforço de campo total foi de 501h01min, totalizando 172h45min de contato com o grupo. Para medir a dispersão, as coordenadas da localização dos dois indivíduos mais distantes entre si foi obtida com auxílio de dois aparelhos de GPS a cada varredura. Uma análise de séries temporais mostrou variação na dispersão do grupo ao longo do tempo, inclusive entre as varreduras, sugerindo uma dinâmica de fissão e fusão fluida. Apesar dessa variação, o grupo teve uma tendência em modular a distância entre os membros da unidade social, voltando sempre a uma medida de tendência central, que foi de 36 metros. Uma análise de função de transferência indicou que o grupo ficou mais disperso quando estava se alimentando de frutos do que em outras atividades. Não houve correlação entre a dispersão e a distância percorrida pelo grupo entre cada varredura. Os resultados obtidos corroboraram a hipótese 1. A distância entre os indivíduos do grupo variou de acordo com o comportamento, aumentando quando os animais estavam se alimentado de frutos, provavelmente como forma de diminuir a competição alimentar. As hipóteses 2 e 3 foram rejeitadas: não houve correlação entre a dispersão dos indivíduos com a distância percorrida pelo grupo, provável resultado de uma estratégia que visa diminuir os custos do deslocamento entre as fontes de alimento de localização já conhecida; também a dispersão do grupo foi maior pela manhã, período de maior risco de predação, e não variou com a atividade de descanso, quando a vulnerabilidade à predação é maior. Provavelmente, o limite de dispersão do grupo está relacionado com a distância de detecção da vocalização de outros indivíduos da unidade social, e não com o risco de predação