Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2019 |
Autor(a) principal: |
Carbone, Priscilla |
Orientador(a): |
Não Informado pela instituição |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/27/27155/tde-19022021-125752/
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Resumo: |
Seguindo o traçado teórico-metodológico advindo do legado de Michel Foucault, a pesquisa aqui apresentada se dedica a investigar a inserção de práticas corporais na formação do artista teatral brasileiro. Para tanto, foram escolhidos, primeiramente, os seguintes conjuntos documentais: os programas curriculares e planos de ensino de professores da Escola de Arte Dramática (EAD), da qual foram estudados documentos pedagógicos de 1948 a 1990, e do curso de Bacharelado em Interpretação Teatral da Universidade de São Paulo (CAC), do qual analisaram-se os planos de ensino de 1968 a 2016; publicações da Revista Sala Preta, vinculada ao Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da ECA-USP, de 2001 a 2014; e a primeira proposta de ensino teatral formulada no país (em 1857, por João Caetano dos Santos). Observou-se que, a partir de 1960, o corpo do ator adquiriu um novo status nas práticas teatrais, recebendo mais tempo de estudo e mais técnicas para o seu aperfeiçoamento. Ao examinarmos os objetos, os conceitos, as teorias e os perfis de profissionais que constituíram o campo da formação corporal do ator, percebemos que a visualização corpórea adotada pelos preparadores corporais tomou emprestada a linguagem e o vocabulário advindos de uma ciência médica higienista do início do século XX. Ademais, a formalização das escolas de teatro no país coincide com a institucionalização da educação regular e profissional promovida pelas reformas do Ministro da Educação e Saúde Gustavo Capanema em 1937, quando o ensino da educação física se tornou obrigatório. A atividade física como meio de cura e prevenção dos males físicos e de aperfeiçoamento mental e moral começava a ser defendida por médicos, educadores e artistas em periódicos então postos em circulação. Assim, elegeu-se um segundo campo documental: a análise de 98 artigos da Revista Educação Physica, publicados entre 1937 e 1945, por meio da qual se deflagrou que a valorização do treinamento físico teria sido um acontecimento comum ao ensino do teatro e da educação física, os quais teriam se tornado um espaço privilegiado de absorção de cânones higienistas. Com o suporte de discursos médicos, visando à boa saúde, e psicológicos, liberando o corpo de um (suposto) aprisionamento mental para melhor expressar uma ideia ou uma (suposta) verdade sobre si mesmo, o ator passou a ser alvo de uma série de práticas disciplinares, endereçadas cada vez mais ao governo de seu corpo como artista e como indivíduo. Os efeitos de tais acontecimentos seriam encontrados nos dias de hoje sob a constituição idealizada de um corpo mais consciente, livre, criativo, inteligente, expressivo e, portanto, acima da média, o que definirá novos regimes de veridicção do ser ator, desconhecidos por nossos antepassados. |