Disfunção do sistema nervoso autônomo em pacientes com síndrome pós-COVID-19 e sintomas cardiovasculares prolongados

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Silva, Fernanda Stabile da
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17134/tde-29102024-164133/
Resumo: A Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) e da Pressão Arterial (VPA) tem sido objeto de estudo em pacientes recuperados da COVID-19, visando avaliar a disfunção autonômica como uma sequela pós-aguda da doença. No entanto, poucos estudos abordaram as respostas da variabilidade cardiovascular a manobras desafiadoras, como o estresse ortostático (Tilt-test) na síndrome pós-COVID-19 (SPC). O presente estudo buscou investigar os índices de VFC e VPA, bem como suas respostas ao Tilt-test, em pacientes com síndrome pós-COVID-19. Foi realizada uma avaliação inicial em pacientes que apresentaram sintomas cardiovasculares persistentes, tais como taquicardia e hipotensão postural, por um período prolongado após a infecção pelo SARS-CoV-2. Posteriormente, estes pacientes foram reavaliados seis meses após, enquanto indivíduos controles, estudados antes do surgimento da pandemia de COVID-19, foram também incluídos para critério de comparação. Os pacientes foram posicionados em decúbito dorsal sobre uma mesa projetada para o Tilt-test e instrumentados com eletrodos de eletrocardiograma e um manguito para medida indireta da pressão arterial batimento a batimento. Após o registro do ECG e da PA basal, a mesa foi rapidamente inclinada para a posição ortostática, e os registros cardiovasculares continuaram por 10 minutos. Séries temporais de intervalo entre as ondas R do eletrocardiograma (iRR) e pressão arterial sistólica (PAS) foram geradas a partir das condições basais e durante o Tilt-test. Índices de VFC foram calculados: RMSSD (raiz quadrada média de diferenças sucessivas), LF (potência do espectro na banda de baixa frequência) e HF (potência do espectro na banda de alta frequência), a ocorrência dos padrões 0V (porcentagem de padrões sem variação) e 2UV (porcentagem de padrões com duas variações em direções diferentes) da dinâmica simbólica e a entropia amostral (SampEn) da série iRR. Para o cálculo da VPA foram avaliados o SD (desvio padrão), potência de LF e ocorrência do padrão 0V da PAS. Além da taquicardia, os pacientes com síndrome pós-COVID-19 também mostraram atenuação dos seguintes parâmetros da VFC: RMSSD; HF; ocorrência do padrão 2UV; e na entropia amostral, em comparação com os indivíduos controle, além de um aumento na porcentagem de 0V. A PA basal e LF da PAS foram semelhantes entre pacientes com síndrome pós-COVID-19 e os controles, enquanto os padrões de SD e 0V da PAS foram exacerbados. Apesar da taquicardia e da diminuição do RMSSD, nenhum parâmetro da VFC se alterou durante o Tilt-test em pacientes com síndrome pós-COVID-19 em comparação com os controles. Os pacientes com síndrome pós-COVID-19 reavaliados após 6 meses apresentaram maior HF e maior porcentagem do padrão 2UV de iRR. Além disso, os pacientes reavaliados com síndrome pós-COVID-19 mostraram menor ocorrência de padrões 0V da PAS, enquanto o Tilt-test provocou respostas de FC e PA idênticas aos controles. O conjunto de alterações encontradas nos índices de VFC e VPA em pacientes com síndrome pós-COVID-19 sugere disfunção autonômica, com predomínio simpático. Esses achados mostram um papel significativo na maior frequência cardíaca basal e nos sintomas apresentados pelos pacientes. Além disso, a ausência de respostas ao Tilt-test indica um comprometimento do controle autonômico cardiovascular. Esses achados sugerem que a síndrome pós-COVID-19 pode afetar negativamente o sistema cardiovascular, aumentando o risco de eventos cardiovasculares graves, mas também destacam a possibilidade de uma recuperação gradual desses efeitos deletérios ao longo do tempo.