Dependência de tabaco na esquizofrenia, sua relação com indicadores clínicos e o sentido para o usuário

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2012
Autor(a) principal: Oliveira, Renata Marques de
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22131/tde-05112012-205108/
Resumo: O tabagismo é uma pandemia responsável por seis milhões de mortes anuais com prejuízos à saúde física, mental e à vida social e econômica dos usuários. Sua prevalência entre os esquizofrênicos é de duas a três vezes superior à da população geral, com maior grau de dependência nicotínica e maior número de recaídas nos períodos de abstinência. Este estudo tem por objetivo identificar o grau de dependência do tabaco entre portadores de transtorno mental internados em unidade psiquiátrica de um hospital geral, correlacionando estes índices com os indicadores clínicos e o sentido para o usuário, especialmente para os portadores de esquizofrenia. Foi realizada uma pesquisa de campo de abordagem quantitativa e qualitativa em uma enfermaria de psiquiatria de hospital geral, público e estadual do interior do estado de São Paulo. Foi selecionada uma amostra probabilística, composta por portadores de transtorno mental internados, de agosto de 2010 a fevereiro de 2012, constituída por 270 sujeitos. Utilizaram-se dois instrumentos: 1) Instrumento de Identificação de Tabagistas em Unidade Psiquiátrica de hospital geral - ITUP e 2) Teste de Dependência à Nicotina de Fagerström - FTDN. Os dados quantitativos foram submetidos à análise descritiva e à análise bivariada e os dados qualitativos, à análise temática de conteúdo. Os resultados mostram que dos 270 sujeitos do estudo, 70,7% são do sexo feminino, com média etária de 38,9 anos. Os diagnósticos prevalentes são esquizofrenia, transtornos esquizotípicos e delirantes (36,3%), com predomínio de sujeitos com até 12 meses de diagnóstico (30,4%) e sem história de internações psiquiátricas (50,7%). Do total da amostra, 96 (35,6%) são tabagistas, 38 (14,1%) ex-tabagistas e 136 (50,4%) não tabagistas. O tabagismo é mais frequente entre os portadores de transtornos mentais severos (esquizofrênicos, do humor e da personalidade) e está associado a maior tempo de diagnóstico, número de internações psiquiátricas, uso de álcool e de substâncias ilícitas. A severidade da dependência nicotínica está associada a transtornos do espectro esquizofrênico; maior idade; presença de comorbidades físicas; maior quantidade de cigarros e tempo de tabagismo; diminuição da percepção da capacidade de parar de fumar e maior percepção dos efeitos do tabaco no organismo e no comportamento. O tabagismo para o portador de transtorno mental tem sentido de prazer, distração, automedicação dos sintomas psiquiátricos, alívio dos efeitos colaterais dos medicamentos, facilitação das interações sociais, alívio da solidão, autocontrole, proteção/segurança, ajuda para esquecer os problemas, ajuda para enfrentar o estigma e o autoestigma (não aceitação de suas próprias limitações), autodestruição, companheirismo e sentido para a vida. Há diferença no sentido que os esquizofrênicos atribuem ao tabagismo em relação aos portadores dos demais transtornos. Para eles, o cigarro é algo insubstituível, um refúgio para os problemas decorrentes da esquizofrenia, sendo tão necessário quanto respirar. Conclui-se que a frequência de tabagistas entre os portadores de transtorno mental, internados em enfermaria psiquiátrica de hospital geral, é superior à encontrada na população geral e que essa problemática requer um olhar atento dos profissionais, especialmente da enfermagem pela proximidade do cuidado.