No caminho da Nova Idéia de Museu: a relação do naturalista Richard Owen (1804-1892)com a revolução dos museus de história natural no século XIX

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Ruiz, Jéssica Magalhães Gaeta
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/38/38131/tde-15042024-145216/
Resumo: A expansão colonialista europeia do século XIX subsidiou a coleta de uma grande quantidade de espécimes que se acumulavam nas coleções de história natural. Essa grande quantidade de material depositado nos museus europeus centrais representou um entrave prático para as instituições que não comportavam fisicamente a superaglomeração das peças. Diversos naturalistas envolvidos, direta ou indiretamente, com estes museus iniciaram um movimento de reflexão e reestruturação institucional que, ao final de algumas décadas ficou conhecido como Nova Ideia de Museu. Estas ideias transformaram definitivamente a organização dos museus de história natural na Europa e ao redor do mundo. Como consequência da crescente centralidade do Museu Britânico no século XIX, o processo de formação dessas novas ideias estava intrinsecamente relacionado às mudanças que o setor de história natural daquela instituição passaria para superar uma crise entre a realidade institucional e o anseio da sociedade por uma instituição nacional à altura da Inglaterra. Alguns dos protagonistas deste momento também foram figuras-chave na elaboração de novas teorias biológicas para interpretação da diversidade dos seres vivos, como o naturalista inglês Richard Owen (1804-1892). A despeito de sua posição estratégica como Superintendente das coleções de História Natural do Museu Britânico (1856-1883), e de seu protagonismo como anatomista na Inglaterra, Owen foi identificado por colegas, e pela historiografia mais recente, como tradicionalista e opositor às novas ideias curatoriais. À frente deste museu, Owen travou décadas de luta junto ao Parlamento para viabilizar a transferência das coleções de História Natural para um novo edifício, com escala e arquitetura adequadas para abrigá-las, ensejando os debates que levariam à elaboração de uma nova ideia de museu. Essa pesquisa olhou atentamente para discursos e documentos de Owen, identificando que ele não se opôs as novas reivindicações museais, inclusive defendia algumas delas, como uma exposição instrutiva e a utilização de bons espécimes ou de materiais que ajudassem a compreensão do visitante. Adicionalmente, a sua oposição à divisão das coleções não resultava de um conservadorismo, ou mesmo uma falta de visão de gestão, mas foi principalmente resultado de dois fatores: primeiro, de uma leitura correta das mudanças que aconteciam na história natural, o que o levou a defender enfaticamente a exposição de variedades e; segundo, de sua estratégia política da necessidade de exigir mais do que o esperado para chamar a atenção para as coleções de história natural. Sua visão, junto à sua capacidade de articulação, resultaram na conquista de um novo edifício para as coleções de história natural do Museu Britânico. Owen ocupou uma posição política estratégica de articulador em um momento cheio de disputas, contradições e anseios de diferentes grupos. Acima de tudo, produziu um modelo coerente de museu que refletiu esse momento, considerado de transição para a nova geração de naturalistas.