Análise de impacto regulatório em composição cubista: entre ciência e política, entre números e ideias, entre comprovação e persuasão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Bechara Filho, Ivan Jorge
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Law
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/107/107131/tde-21082023-135826/
Resumo: Esta dissertação compreende o estudo empírico das Análises de Impacto Regulatório (AIRs) publicadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) entre 2016 e 2021. As AIRs da amostra consistiram no preenchimento de um formulário-padrão destinado a associar um valor numérico não monetário a cada um dos dezessete indicadores listados no formulário. A maioria dos indicadores diz respeito a custos diretos e imediatos que a aprovação da proposta de regulação presumivelmente acarretaria às empresas do setor e aos órgãos de fiscalização sanitária. Os resultados da pesquisa indicam que a ferramenta de mapeamento e quantificação de impactos utilizada pela Agência é rudimentar e apresenta baixo potencial para instruir e influenciar a tomada de decisão. A metodologia confere à análise uma fachada de isenção e objetividade: atribui à proposta um número preciso e o rótulo conclusivo de positiva, tolerável ou negativa. A operação matemática, porém, embute critérios subjetivos de avaliação que, ocultos pela estrutura da ferramenta de quantificação, não passam pelo crivo da análise. Os achados revelam que a ferramenta de AIR rejeita a priori e de forma implícita a opção de não regular e induz o regulador a aprovar medidas sem efeitos positivos. Os achados também sugerem que a ferramenta, em função da metodologia de quantificação, favorece o grupo das empresas reguladas em detrimento do público consumidor. Na prática, as AIRs produzidas no período parecem ter servido mais para chancelar a proposta da área técnica do que para tornar mais racional o processo decisório da Agência. Os resultados obtidos corroboram as críticas do pós-empiricismo ao positivismo lógico e reforçam os achados de outras pesquisas nacionais e internacionais quanto ao papel elusivo que a AIR centrada em métodos quantitativos pode assumir. Essa literatura realça a importância dos métodos qualitativos, que permitem a explicitação e a devida consideração dos valores sociais e das próprias limitações metodológicas da análise no curso do processo decisório de políticas públicas.