\"É como um elefante numa loja de cristais\": mundos, narrativas e mobilizações contra o gênero no Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Aragusuku, Henrique Araujo
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47134/tde-13092024-112225/
Resumo: A partir de meados da última década, o conceito de gênero se tornou um foco de intensos conflitos no Brasil. Uma das principais mudanças em relação às décadas anteriores foi a introdução da noção de ideologia de gênero nas disputas políticas, inicialmente por grupos católicos que a importaram de suas redes transnacionais, mas logo assimilada por diversos outros grupos opositores às demandas por diversidade sexual e de gênero no Brasil, com destaque para evangélicos e liberais-conservadores. Como apontado na literatura, as mobilizações antigênero são características por sua pluralidade, de modo a aglutinar múltiplos atores e facilitar a formação de alianças entre grupos antes divergentes, que deixam de lado suas diferenças políticas para lidar com um mal maior. Tendo isso em vista, o objetivo desta pesquisa foi compreender quais são os sentidos e as motivações desse universo plural de grupos, organizações e pessoas que se engajam em mobilizações contra o gênero. Para isso, foi realizado um vasto levantamento documental, 25 entrevistas (presenciais e online) com pessoas engajadas nessas mobilizações, e trabalho de campo em alguns eventos. As contribuições teórico-metodológicas da etnografia e da teoria narrativa embasaram substancialmente a condução da pesquisa empírica e a produção das análises. Em paralelo, foram consideradas também as contribuições da teoria de movimentos sociais (ao definir as mobilizações antigênero como o espaço de atuação de um contramovimento) e da teoria da insegurança ontológica (para analisar as bases sociopsicológicas das motivações para se mobilizar contra o gênero). A partir da articulação entre teoria e análise empírica, argumento (1) que existem diferentes mundos no universo antigênero, com espaços de interação social, redes e perspectivas próprias, (2) que essa diversidade interna é acompanhada por múltiplas narrativas sobre o gênero, que podem convergir ou divergir a depender de quem as narra, e (3) que a insegurança ontológica é um elemento integrador para essas narrativas e mundos, proporcionando uma compreensão sociopsicológica sobre as motivações de distintos atores, alguns politicamente divergentes, para se mobilizar em uma causa política comum.