Relação pai-filha no contexto dos transtornos alimentares: uma perspectiva winnicottiana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Costa, Lilian Regiane de Souza
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-03122014-134544/
Resumo: Os Transtornos Alimentares (TAs) são considerados quadros psicossomáticos, nos quais são observadas graves alterações no comportamento alimentar. O aumento da prevalência e os prejuízos vivenciados pelos indivíduos portadores de TAs fazem com que essas psicopatologias recebam a crescente atenção do meio científico. Há evidências de que aspectos da dinâmica familiar influenciam o surgimento e o curso do transtorno. As novas formações familiares e a inserção da mulher no mercado de trabalho cobram uma maior participação masculina no cuidado dos filhos. Winnicott defende que, a cada etapa do desenvolvimento emocional, o pai tem um papel importante para o amadurecimento da criança. Os estudos mostram que o pai de mulheres com TAs não conseguem se mostrar presentes no desenvolvimento psicoafetivo das filhas. Considerando a escassez de estudos sobre a figura paterna, o presente estudo teve como objetivo investigar os psicodinamismos envolvidos na relação pai-filha no contexto dos TAs. Trata-se de um estudo clínico-qualitativo, fundamentado teoricamente na psicanálise, especificamente, na teoria winnicottiana. Participaram da pesquisa seis mulheres com diagnóstico de TAs e seus respectivos pais (progenitores do sexo masculino). Com cada participante foi realizada entrevista semiestruturada e aplicação do Procedimento de Desenhos de Família com Estórias (DF-E). As verbalizações foram audiogravadas mediante consentimento dos participantes. O material obtido com o DF-E foi analisado por meio do método de livre inspeção. Os resultados encontrados na entrevista semiestruturada e no DF-E foram submetidos à análise de conteúdo temática. Os dados analisados indicaram uma relação pai-filha marcada pela pouca permissividade a demonstrações afetivas. Foram encontradas figuras paternas que, enquanto filhos, enfrentaram a ausência do pai ou pais extremamente autoritários, assim como o convívio com figuras maternas pouco disponíveis para trocas afetivas. Cuidados dentro de um ambiente com dificuldades em satisfazer suas necessidades afetivas, os pais, a fim de evitar o acesso às angústias suscitadas pela insatisfação, afastavam-se defensivamente das emoções. Concomitante à presença de pais distantes afetivamente, as filhas buscavam continência e aceitação de seus pais. Elas percebiam a preocupação e o cuidado por parte deles, entretanto, mostravam-se insatisfeitas. Pode-se inferir que, na falta de um ambiente que lhes apoiasse na integração de suas vivências, elas utilizavam o corpo como instrumento de comunicação da fome que sentiam de continência parental. Os achados deste estudo apontam para a relevância do envolvimento paterno na manifestação sintomática das filhas. Dessa forma, a inclusão do pai no tratamento das filhas pode possibilitar melhores possibilidades de integração das vivências emocionais da díade.