O estatuto teórico-clínico da sublimação no ensino de Jacques Lacan: a sublimação como tratamento do gozo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Metzger, Clarissa
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Act
Ato
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-25112014-113017/
Resumo: Nossa intenção com o presente trabalho foi pesquisar o estatuto teórico-clínico da sublimação ao longo do ensino de Lacan, enfatizando os momentos em que se detém no tema, fazendo avançar suas elaborações do conceito e partindo da hipótese de que a sublimação é um tratamento possível do gozo. Após o seminário em que se dedica de forma mais extensa ao tema da sublimação, em 1959-1960, no qual propõe a sublimação como elevação do objeto à dignidade da Coisa, o conceito aparece aqui e ali ao longo dos seminários subsequentes. Mas é em 1966-67 que a sublimação detém novamente a atenção de Lacan, que passa então a articulá-la com outros conceitos bastante importantes da teoria, quais sejam: alienação, repetição, acting out e passagem ao ato. Além disso, discute a articulação da sublimação com o ato sexual e, consequentemente, com a castração. Para isso, fará uso articulado do quadrângulo de Klein, das leis de Morgan e dos círculos de Euler, de modo a demonstrar a relação lógica entre os elementos. Desde as primeiras referências ao termo, passando pelas elaborações do seminário VII, nos anos de 1959-60, entendemos que é possível sustentar a vocação eminentemente clínica do conceito de sublimação como tratamento possível do gozo, em articulação com outros conceitos importantes no ensino de Lacan, como gozo, fantasia e ato. Partindo da sublimação definida como elevação do objeto à dignidade da Coisa, Lacan discute nos anos de 1966-1967 sua presença como satisfação ligada à repetição, mas que dela pode se afastar. A sublimação também se apresenta como saída do impasse do paradoxo da fantasia, que busca encobrir a relação sexual que não há. Propomos desde Lacan que a sublimação é um tratamento do gozo que permite que o sujeito, a partir da repetição, avance até um limiar, ainda que não o ultrapasse. O avanço está relacionado à sua possibilidade de prescindir do recalque, o que diferencia a sublimação do sintoma. A proximidade da sublimação com a relação sexual que não existe já se evidencia desde o seminário XIV e, no seminário XVI, proferido nos anos de 1968-1969, a sublimação retorna pela última vez no ensino de Lacan como estando do lado da mulher, articulada a não existência da relação sexual e como possibilidade privilegiada na perversão, o que deixa ainda mais claro, de nosso ponto de vista, seu estatuto de tratamento de gozo mortífero, na medida em que alude ao vazio da Coisa, criando a partir desse vazio. A partir desse percurso na sublimação, empreendemos uma discussão do documentário Elena, lançado no ano de 2013, sustentando que, com tal discussão, não se trata de aplicar a psicanálise à arte, mas sim de aplicar a arte à psicanálise, na medida em que a primeira permita à segunda avançar. Por evidenciar como toda a estrutura do filme se organiza em torno do vazio, ele permite que avancemos no debate sobre a sublimação e em sua elucidação como possibilidade de tratamento do gozo, em articulação com o ato em suas variáveis de acting out e passagem ao ato, tal como Lacan apresentara com os quadrângulos de Klein. Por último, propomos comentários suplementares que visam propor articulações que apontam caminhos pelos quais entendemos que a discussão sobre o tema da sublimação poderia ter continuidade. Aqui, propomos a articulação da sublimação com a psicose, com o sinthoma, tal como Lacan discute no seminário XXIII, e por último a relação da sublimação com o fim de análise. Nesse ponto, as discussões de Lacan sobre o quadrângulo de Klein nos fornecem indicações sobre a relação da sublimação com o ato analítico, que buscamos problematizar